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    PSDB irá tratar caso de FHC como drama pessoal; PT cobra investigação

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    18/02/2016 18h11 - Atualizado às 19h06

    Reprodução/Twitter
    a jornalista miriam Dutra Schmidt, que falou à Folha
    A jornalista Mirian Dutra Schmidt, que falou à Folha

    As declarações da jornalista Miriam Dutra de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) usou a empresa Brasif S.A. Exportação e Importação para enviar dinheiro a ela no exterior serão tratadas pelo PSDB como um assunto pessoal e um drama particular do tucano.

    Já o PT cobrou nesta quinta-feira (18) que o caso seja investigado e o usou como mote para defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para atacar integrantes da força tarefa da Lava Jato.

    Em entrevista à Folha publicada nesta quarta (17), Miriam contou detalhes de sua relação extraconjugal com o ex-presidente da República, a quem ela atribui a paternidade de seu filho Tomás.

    Segundo o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), o caso é estritamente pessoal. "Todos sabem do reconhecimento que ele faz do filho, que ele mantém o filho e as contas no exterior, de forma legal", disse.

    O senador afirmou que o partido não irá tomar nenhuma iniciativa para sair em defesa do ex-presidente neste momento mas que se provocações forem feitas por adversários políticos, os tucanos reagirão. "Nunca misturamos assuntos pessoais de nossos adversários no embate político. Mas se houver provocação, estamos prontos para fazer a disputa com qualquer arma", afirmou.

    De acordo com o senador, diversos parlamentares do PSDB entraram em contato com FHC nesta quinta para prestar-lhe solidariedade. Aos correligionários, o ex-presidente confirmou que paga as contas de Tomás mesmo afirmando que dois testes de DNA realizados em 2009 tenham dado resultado negativo.

    "Fernando Henrique reconheceu o filho apesar dos exames de DNA negativos, tanto que Tomás o chama de pai. Ele manteve o pagamento das despesas do filho através de contas legais e declaradas. Trata-se de trazer para o ambiente de crise uma questão pessoal", disse.

    Ainda segundo Lima, FHC negou aos colegas que os recursos fossem da Brasif e garantiu que o dinheiro enviado é seu. O senador disse também que Tomás teria ligado para Fernando Henrique nesta quinta.

    INVESTIGAÇÃO

    Na Câmara, o assunto foi tratado na tribuna do plenário.

    "Por que razão o Ministério Público Federal não se manifesta, a Polícia Federal não faz nada, onde está o [Sergio] Moro, o xerife da Lava Jato? ", discursou na tribuna o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que além do caso de FHC citou outros episódios que indicam, em sua visão, investigações seletivas por parte dos órgãos de controle.

    "E agora, vai abrir investigação? O [Rodrigo] Janot [chefe do Ministério Público Federal] vai abrir inquérito? Se fosse o Lula já estavam na rua pedindo a prisão dele", reforçou Wadih Damous (PT-RJ) à Folha. O líder da bancada petista, Afonso Florence (BA) afirmou que o caso tem "nuances" que merecem ser investigados pelas autoridades. E também citou Lula –investigado sob suspeita de ter sido beneficiado por empreiteiras– para dizer que indícios estão sendo tratados por parte da imprensa e da oposição como condenação.

    Um dos vice-líderes do governo na Câmara, o deputado Silvio Costa (PT do B-PE) afirmou que irá pedir ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao Judiciário que o o caso tenha o mesmo tratamento dado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que foi denunciado sob a acusação de ter usado dinheiro de uma empreiteira para pagar despesas da amante. "Não vamos aceitar o silêncio de Fernando Henrique Como resposta."

    Na tarde desta quinta-feira, com o Congresso já esvaziado, coube ao deputado Wherles Fernandes da Rocha (PSDB-AC) sair em defesa de FHC no plenário da Câmara. "Na contramão do ex-presidente Lula, que foge de dar explicações, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não se furtará a dar qualquer esclarecimento. Não somos iguais, quem roubou o Brasil foi o PT."

    Em tom mais ameno, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), avaliou que o partido não deve pedir uma investigação formal à Polícia Federal mas defendeu que, caso as autoridades entendam que há indícios de que FHC praticou ilegalidades, as apurações legais deverão ser realizadas.

    "Não vamos fazer com eles o que eles têm feito com a gente, com o presidente Lula, de considerar uma pessoa que faz afirmações da vida privada sem que haja comprovação", disse.

    Mirian e FHC

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