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    Lava Jato

    BB tenta barrar apuração sobre ex-presidente Bendine, hoje na Petrobras

    DANIELA LIMA
    DE BRASÍLIA

    20/02/2016 02h00

    Fotomontagem
    O presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine e a socialite Val Marchiori
    O ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine e a socialite Val Marchiori

    O Banco do Brasil entrou com um habeas corpus na Justiça para impedir que o MPF (Ministério Público Federal) continue investigando a suposta participação de seu ex-presidente Aldemir Bendine na concessão de um empréstimo para a socialite Val Marchiori, em 2013.

    Hoje presidente da Petrobras, Bendine chefiava o BB na época em que Marchiori obteve financiamento de R$ 2,7 milhões pelo banco, por meio de uma linha de crédito subsidiada pelo BNDES.

    O caso foi revelado pela Folha em outubro de 2014. A Torke empreendimentos, firma de Marchiori, obteve o dinheiro mesmo a socialite tendo restrição por não ter quitado débitos com o banco.

    Ela também não tinha capacidade financeira para arcar com o empréstimo, segundo documentos publicados pela reportagem.

    Bendine e a socialite eram próximos. Ele chegou a dar carona a ela em um jato para Buenos Aires e também hospedou-se no mesmo hotel que ela em duas ocasiões. Na ocasião, o então presidente do BB negou qualquer participação na operação e o banco afirmou que o processo foi regular. A Folha não localizou Marchiori.

    O caso, então, passou a ser investigado pela Procuradoria da República em São Paulo, num inquérito que apura se houve crime contra o sistema financeiro na operação.

    O banco entrou em dezembro de 2015 com o habeas corpus em que pede o trancamento do inquérito. O caso corre em sigilo e está sob os cuidados do desembargador José Marcos Lunardelli, um dos nomes que disputam indicação da presidente Dilma Rousseff para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).

    O Banco do Brasil argumenta que a Polícia Federal, instada a investigar o caso, recomendou o arquivamento. Segundo a Folha apurou, o BB também faz menção ao fato de que Bendine ocupa um cargo público de relevância e que, por isso, não deveria continuar exposto ao inquérito.

    A Procuradoria discordou da polícia e pediu o aprofundamento da investigação antes de concluir o caso. A avaliação é de que alguns aspectos foram tangenciados durante a primeira fase da apuração. A reportagem entrou em contato com a assessoria do Ministério Público Federal, mas não obteve resposta.

    Bendine foi procurado por meio da assessoria da Petrobras. Esta informou que apenas o Banco do Brasil falaria.

    A assessoria do BB, por sua vez, disse que o estatuto do banco prevê que a assessoria jurídica da instituição atue em processos que envolvam ex-dirigentes.

    "Neste caso, o Banco do Brasil impetrou pedido de habeas corpus pela conclusão das investigações do MPF", diz a nota. "É de interesse institucional que o processo seja arquivado, afastando definitivamente a suspeição de qualquer conduta irregular".

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