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    Lava Jato

    Ministro do TCU omitiu elo de seu filho com investigado na Lava Jato

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    21/02/2016 02h00

    Alan Marques - 9.jun.10/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 09-06-2010, 11h20: Ministro do Tribunalk de Contas da União, Raimundo Carreiro durante a sessão para analisar as contas de 2009 do governo Lula, em Brasília (DF). (Foto: Alan Marques/Folhapress, PODER)
    O ministro do TCU Raimundo Carreiro durante a sessão para analisar as contas de 2009 do governo Lula

    O ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Raimundo Carreiro omitiu, ao prestar depoimento à Polícia Federal na Operação Lava Jato, que um de seus filhos trabalhou no escritório do advogado Tiago Cedraz.

    Em delação premiada, o empreiteiro Ricardo Pessoa disse ter pago R$ 1 milhão a Cedraz. O delator "entendeu" que o valor seria destinado a Carreiro, na época relator de processo sobre a usina nuclear de Angra 3, obra de interesse de Pessoa.

    Carreiro compareceu à sede da PF em Brasília em 26 de outubro. Na ocasião, procurou se distanciar de Tiago Cedraz, afirmando que esteve com o advogado apenas por acaso, em dois casamentos, e que nunca foi a seu gabinete ou lhe pediu uma audiência. Disse também que Cedraz nunca esteve com um de seus assessores do Tribunal de Contas.

    Carreiro, porém, deixou de informar aos investigadores que seu filho, Felipe, foi advogado no escritório de Cedraz pelo menos entre janeiro e agosto de 2009.

    O nome de Felipe aparece vinculado ao de Cedraz no acompanhamento processual em dez ações no Tribunal Superior Eleitoral e um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal). A investigação é sobre o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP).

    Felipe Carreiro, contudo, negou à Folha ter atuado nesses processos no TSE e no STJ e disse que tem pedido a diversos tribunais que excluam seu nome da movimentação processual dos sites dos tribunais na internet.

    Segundo ele, o erro acontece porque o escritório usava uma procuração padrão que dava poderes a diversos advogados de representar o cliente nos autos, mas não significa que eles tenham de fato atuado nos processos.

    Felipe afirmou que, na época em que trabalhava no escritório de Cedraz, nunca atuou em casos que tramitavam nos tribunais superiores, mas somente na defesa da companha telefônica TIM em processos que tramitavam no Procon do Distrito Federal.

    Felipe disse que decidiu deixar o escritório de Cedraz por razões éticas.

    "Eu fui descobrir que ele [Tiago] atuava no Tribunal de Contas [da União]. E aí eu falei: 'Olha, por uma questão ética, e para não ficar expondo meu pai, eu não quero mais trabalhar aqui'. E saí do escritório na época", disse Felipe, que passou a trabalhar na CEB, a companhia energética do DF.

    Ele disse ainda que sua decisão de deixar o escritório de Cedraz foi discutida com seu pai, que concordou com a decisão. "Podem especular aí, dizendo que estamos fazendo besteira", teria dito ao pai na ocasião.

    De acordo com Felipe, ele passou a trabalhar no escritório de advocacia de Tiago Cedraz após o convite de um amigo em comum, sem interferência do pai.

    OUTRO LADO

    Em e-mail enviado à Folha, Carreiro disse que não falou da passagem de seu filho no escritório de Tiago Cedraz porque não foi indagado pela Polícia Federal.

    Afirmou que tomou a iniciativa de abrir mão de seus sigilos bancário, fiscal e tributário ainda que não responda a inquérito ou seja réu.

    Felipe Carreiro disse que não tem "qualquer contato" com Tiago Cedraz desde 2009.

    Tiago Cedraz informou que a passagem de Felipe pelo seu escritório ocorreu muito tempo antes do processo sobre a usina nuclear.

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