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    Lava Jato

    Mônica Moura ameniza perfil forte do marido João Santana

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    22/02/2016 13h20

    Sempre foi papel de Mônica Regina Cunha Moura, mulher e sócia do marqueteiro João Santana, amenizar as brigas e discussões do marido. Enquanto o publicitário falava alto e muito sério quando não estava satisfeito com o trabalho de sua equipe, Mônica entrava na sequência, segundos depois das batidas de porta de Santana, e, sorrindo, tentava colocar panos quentes na confusão.

    Fase 'Acarajé'
    Deflagrada na manhã desta segunda-feira (22), a 23ª fase da Operação Lava Jato tem como alvo o publicitário João Santana e a empreiteira Odebrecht

    Entre amigos não era diferente. Quando o debate político costumava esquentar os jantares regados a vinhos caros –sempre escolhidos por ela–, Mônica era a primeira a dizer: "Vamos mudar de assunto. Chega de política!"

    E é assim, como o "policial bom" e o "policial mau", que a jornalista de formação contrapõe há quinze anos a personalidade do marqueteiro responsável pela campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014), além de diversas outras no exterior.

    A única coisa que a tira do sério e a faz mudar o semblante quase sempre sereno são críticas ao marido. "Aí ela vira bicho para defendê-lo", diz uma amiga próxima ao casal.

    Mônica é a sétima mulher de Santana e, desde 2001, é sócia e braço direito e esquerdo na empresa do publicitário, a Polis Propaganda e Marketing.

    Quem conhece os dois, diz que Mônica trata de todas as questões práticas da vida deles e da empresa. De personalidade forte, é ela quem faz o contato com a maior parte dos fornecedores, empregados e até com a imprensa quando jornalistas querem falar com o marido, avesso a entrevistas.

    Mônica aparenta estar sempre de bom humor. Opina em tudo, inclusive no visual de Santana, a quem cuida para que esteja vestindo roupas e sapatos da moda.

    Aliás, foi ela quem apresentou o cabeleireiro Celso Kamura para a presidente Dilma e lhe deu dicas de penteados, coloração de cabelos e maquiagem.

    As duas ficaram mais próximas na disputada campanha à reeleição da petista, em 2014. Dizem que o astral "mais leve" de Mônica ajudava Dilma a relaxar um pouco em jantares e encontros privados no Palácio da Alvorada para os quais Santana levava a mulher.

    Dilma adotou Kamura como cabeleireiro, mas com as roupas da presidente, Mônica não teve tanto sucesso. Apesar de insistir em levar a presidente a diversos estilistas famosos, Dilma prefere pedir para confeccionar suas roupas com estilistas no Rio Grande do Sul, consideradas pela petista mais "low profile".

    PRISÃO TEMPORÁRIA

    João Santana e Mônica Moura –ou JS e MM, como respondem às mensagens eletrônicas– receberam a notícia por advogados nesta segunda-feira (22) de que suas prisões temporárias haviam sido decretas na 23ª fase da Operação Lava Jato e que havia mandado de busca e apreensão em todos os seus imóveis no Brasil.

    Os dois estavam na República Dominicana, onde trabalham na campanha para a reeleição de Danilo Medina, mas devem embarcar ao Brasil nas próximas horas para se apresentar às autoridades responsáveis pelas investigações.

    OPERAÇÃO "ACARAJÉ"

    A 23ª fase, intitulada "Acarajé", tem como alvo o publicitário João Santana, que encabeçou campanhas presidenciais petistas, e a empreiteira Odebrecht.

    O Ministério Público Federal e a Polícia Federal encontraram transferências de US$ 7,5 milhões (R$ 30 milhões, em valores desta segunda) de investigados da Lava Jato para a conta da offshore Shellbill Finance S.A., controlada pelo marqueteiro João Santana e pela mulher e sócia dele, Mônica Moura. A offshore, baseada no Panamá, não foi declarada às autoridades brasileiras.

    Deste montante, US$ 3 milhões foram pagos ao marqueteiro por meio das contas das offshores Klienfeld e Innovation Services, que são atribuídas pelos investigadores à Odebrecht, entre 13 de abril de 2012 e 08 de março de 2013. Para a Procuradoria, "pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras transferida aos publicitários em benefício do PT".

    OS CLIENTES DE JOÃO SANTANA - Marqueteiro trabalhou em campanhas no Brasil e no exterior

    Editoria de Arte/Folhapress
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