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    Braço-direito de Gabrielli é suspeito de receber dinheiro da Odebrecht

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR
    LUCAS LARANJEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CURITIBA

    22/02/2016 13h26

    Pedro Ladeira - 20.ago.2013/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 20-08-2013, 11h00: O Ministro da Secretaria Geral da PR Gilberto Carvalho, ao lado de Armando Trípodi, gerente-executivo da Petrobras (e) e o representante do PNUD, embaixador Jorge Chediek (d), participa da Assinatura de termo de cooperação internacional entre a Petrobras e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Armando Tripodi (à esq.), o Bacalhau, é suspeito de receber dinheiro da Odebrecht

    Um dos principais assessores do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli foi conduzido pela Polícia Federal nesta segunda-feira (22), no Rio de Janeiro, para prestar depoimento na 23ª fase da operação Lava Jato.

    Armando Ramos Tripodi, conhecido como Bacalhau, foi apontado pela Polícia Federal como suspeito de receber dinheiro irregular da Odebrecht por meio de uma reforma em sua casa.

    Fase 'Acarajé'
    A 23ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada nesta segunda-feira

    Segundo a PF, o esquema de corrupção envolvendo a construtora previa pagamentos de propina na forma de obras de arte, aparelhos de ginástica e reformas. No caso de Tripodi, representantes de uma empresa responsável por uma reforma em sua casa serão intimados, diz a PF, para explicar o serviço.

    De acordo com o delegado da PF Filipe Pace, a força-tarefa identificou que Zwi Skornicki –representante oficial do estaleiro Keppel Fels e um dos alvos da operação desta manhã– pagou pela reforma.

    Segundo Pace, "o que motivaria esses pagamentos de Zwi Skornicki seriam obras que a Kepper Fels teve com a Petrobras".

    Em nota, a Petrobras informou que afastou Tripodi de suas funções e instaurou comissão interna de apuração sobre o caso.

    A estatal disse ainda que "reitera seu compromisso com o pleno andamento das investigações e seu apoio ao trabalho das autoridades policiais".

    Tripodi foi chefe de gabinete da presidência da Petrobras nas gestões de José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli, entre 2003 e 2012. Desde então, passou a atuar como gerente de Sustentabilidade da Petrobras.

    Em 2012, ainda foi nomeado conselheiro da Sete Brasil, empresa criada para construir as sondas que seriam operadas pela estatal na exploração de petróleo no pré-sal.

    Natural de Salvador, Tripodi é funcionário da Petrobras desde 1978, quando entrou na estatal como contramestre em eletricidade, e construiu uma trajetória como sindicalista na Bahia.

    Foi diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros) e fundador Departamento Nacional dos Petroleiros da CUT (Central única dos Trabalhadores).

    AFASTAMENTO

    A Petrobras afastou nesta segunda o gerente de Responsabilidade Social, Armando Tripodi, e diz ter instaurado comissão interna para apurar o caso. A companhia não informou, porém, por quanto tempo ele ficará afastado.

    Tripodi é um dos poucos nomes ligados ao ex-presidente José Sérgio Gabrielli que ainda ocupam cargos na administração da estatal. Sob seu comando, estão os investimentos da companhia em projetos sociais.

    "A empresa reitera seu compromisso com o pleno andamento das investigações e seu apoio ao trabalho das autoridades policiais", afirmou, em nota, a Petrobras.

    A Polícia Federal investiga o pagamento, por Skornicki, de R$ 16 mil a empresa Prattis Soluções em Automação por serviços na residência do gerente da Petrobras, identificado por meio da análise de material de informática apreendido com o lobista.

    OPERAÇÃO "ACARAJÉ"

    A 23ª fase da Operação Lava Jato, intitulada "Acarajé", tem como alvo o publicitário João Santana, que encabeçou campanhas presidenciais petistas, e a empreiteira Odebrecht.

    O Ministério Público Federal e a Polícia Federal encontraram transferências de US$ 7,5 milhões (R$ 30 milhões, em valores desta segunda) de investigados da Lava Jato para a conta da offshore Shellbill Finance S.A., controlada pelo marqueteiro João Santana e pela mulher e sócia dele, Mônica Moura. A offshore, baseada no Panamá, não foi declarada às autoridades brasileiras.

    Deste montante, US$ 3 milhões foram pagos ao marqueteiro por meio das contas das offshores Klienfeld e Innovation Services, que são atribuídas pelos investigadores à Odebrecht, entre 13 de abril de 2012 e 08 de março de 2013. Para a Procuradoria, "pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras transferida aos publicitários em benefício do PT".

    Em nota, a Odebrecht informou que "permanece à disposição das autoridades para colaborar, sempre que necessário". Segundo a empresa, "as equipes de polícia obtiveram todo auxílio da Odebrecht para o cumprimento" dos mandados de busca e apreensão emitidos pela Justiça Federal para os escritórios da empresa em São Paulo, Rio e Bahia.

    A Odebrecht informou ainda que Benedito Barbosa da Silva Júnior é diretor presidente da Construtora Norberto Odebrecht, e não vice-presidente de infraestrutura da Odebrecht Engenharia e Construção no Brasil, conforme havia sido apontado pela PF em relatório.

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