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    Juiz vincula viagens de funcionários da Odebrecht a contas secretas

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    22/02/2016 17h07

    O juiz federal Sergio Moro vinculou uma série de 50 viagens ao exterior de funcionários da Odebrecht, junto com representantes de bancos, a contas que foram usadas pela empreiteira para pagar propina em contratos com a Petrobras, segundo a Polícia Federal.

    Num dos casos, há suspeita de que um ex-funcionário da empreiteira fugiu do país.

    Moro cita anotações encontradas no celular de Marcelo Odebrecht, preso desde julho do ano passado, sugerindo que funcionários que controlariam essas contas deixassem o Brasil. A empreiteira foi alvo de nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (22).

    As notas escritas por Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo, diziam coisas do tipo "HS/LE. Como estão? Ir para fora já","HS e equipe: fechar todas as contas sob risco" e "Proteger nossos parceiros sem aparecermos".

    HS e LE são as iniciais de Hilberto Silva e Luiz Eduardo da Rocha Soares, funcionários da Odebrecht que cuidariam de contas no exterior, ainda de acordo com a Polícia Federal. Hilberto, por exemplo, aparece como representante da Odebrecht na ficha na empresa Smith & Nash Engineering Company, acusada de repassar suborno a ex-diretores da Petrobras, o que a Odebrecht nega.

    Luiz Eduardo, que deixou a empresa em dezembro de 2014, fez viagens com um representante no Brasil de um banco (Vinicius Veiga Borin) que foi usado para repassar propina, o Antigua Overseas.

    A PF suspeita que Luiz Eduardo tenha fugido do país. Em 21 de junho do ano passado, dois dias após Marcelo Odebrecht ter sido preso, ele deixou o Brasil e nunca mais voltou.

    Sócio de Luiz Eduardo numa empresa suspeita de atuar na lavagem de dinheiro, Fernando Miglaccio da Silva também deixou o Brasil em julho de 2015 e só voltou em novembro.

    As viagens ocorreram para locais que integram o circuito de lavagem de dinheiro, como Uruguai e Dubai, por imporem menos controle sobre contas e a origem dos recursos.

    Em nota, a Odebrecht informou que "permanece à disposição das autoridades para colaborar, sempre que necessário". Segundo a empresa, "as equipes de polícia obtiveram todo auxílio da Odebrecht para o cumprimento" dos mandados de busca e apreensão emitidos pela Justiça Federal para os escritórios da empresa em São Paulo, Rio e Bahia.

    A Odebrecht informou ainda que Benedito Barbosa da Silva Júnior é diretor presidente da Construtora Norberto Odebrecht, e não vice-presidente de infraestrutura da Odebrecht Engenharia e Construção no Brasil, conforme havia sido apontado pela PF em relatório.

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