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    Delcídio do Amaral liga para senadores e nega ameaças

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    22/02/2016 20h47

    Pedro Ladeira - 26.mai.2015/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 26-05-2015, 20h00: O líder do governo senador Delcidio Amaral (PT-MS). Plenário do Senado federal, sob a presidência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), durante votação da MP 665, do ajuste fiscal. Integrantes da força sindical ocupam as galerias protestando contra a aprovação da medida. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado, em sessão em 2015

    Em uma estratégia para preparar o seu retorno ao Congresso, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) ligou para alguns parlamentares nesta segunda-feira (22) para negar que tenha feito ameaças a colegas como forma de pressão para não ter seu mandato cassado.

    Reportagem da Folha publicada nesta segunda mostra que o petista afirmou à interlocutores que se fosse cassado, levaria "metade do Senado" com ele. A frase foi entendida como uma ameaça de que está decidido a entregar seus pares caso lhe tirem a cadeira de parlamentar.

    Uma das maiores preocupações do senador é ter o mandato cassado porque, com isso, ele perderia o chamado foro privilegiado e seu caso iria para a primeira instância. Lá seria analisado pelo juiz Sérgio Moro, do Paraná, que tem sido célere em suas decisões envolvendo réus da operação Lava Jato.

    Em 1º de dezembro, dias depois da prisão do parlamentar, a Rede Sustentabilidade e o PPS assinaram uma representação para pedir a cassação de Delcídio sob a acusação de quebra de decoro parlamentar. O processo foi aberto pelo Conselho de Ética da Casa e o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) foi designado relator do caso.

    Durante a tarde, senadores se revezaram na tribuna do plenário da Casa para cobrar uma explicação sobre as ameaças. O senador Telmário Mota (PDT-RR), um dos vice-líderes do governo que passou a substituir Delcídio após a sua prisão em novembro do ano passado, questionou o petista.

    "Em sendo verdade essa declaração, eu faço um apelo, se Vossa Excelência não falou, que desfaça essa fala, mas se falou, declina os nomes daqueles que acha que deverão cair com o senhor. [...] O que não pode é que todos fiquem sob suspeição", disse.

    Segundo a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Delcídio telefonou para ela após ver a reação de seus colegas em plenário. O senador afirmou não ter nunca falado sobre delatar outros senadores e negou que tenha feito ameaças.

    Delcídio também ligou para outros parlamentares que questionaram publicamente seu posicionamento. Envolvido nas investigações da Lava Jato e cumprindo prisão domiciliar, o contato com o senador acabou constrangendo seus colegas. De acordo com alguns deles, as conversas não se estenderam e os parlamentares evitaram fazer perguntas, o que revela o escasso apoio que Delcídio deve ter ao reassumir o seu trabalho no Senado.

    Segundo o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PT-PE), Delcídio está temporariamente desligado da bancada do PT. Isso porque o diretório nacional do partido suspendeu a sua filiação até que haja uma reunião para decidir sobre a sua expulsão da legenda.

    Além dos senadores que o questionaram publicamente, Delcídio tem procurado outros colegas para contar como pretende reassumir o mandato. Inicialmente, ele voltaria ao Senado nesta terça (23) mas o petista adiou o seu retorno porque ainda resolve questões jurídicas e burocráticas com seus advogados além de ter recebido a recomendação médica para fazer exames de check-up.

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