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    Lava Jato

    Executivo da Odebrecht é próximo de políticos e fanático pelo Corinthians

    BELA MEGALE
    CAMILA MATTOSO
    DE SÃO PAULO

    23/02/2016 02h00

    Danilo Verpa - 26.mai.2014/Folhapress
    Vista aérea do Arena Corinthians, estádio da Copa do Mundo feito pela Odebrecht
    Vista aérea do Arena Corinthians, estádio da Copa do Mundo feito pela Odebrecht

    Há 30 anos no grupo baiano, o presidente da Construtora Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o BJ, é conhecido pelo trânsito com políticos cacifados dos principais partidos do Brasil e por ser um corintiano fanático.

    Tido como número dois da empresa, é um dos executivos mais ouvidos pelos donos, Emílio e Marcelo Odebrecht, o último preso desde junho.

    Como está há anos na negociação de obras públicas com os Estados, a relação de BJ com os governadores é constante, e se tornou mais intensa com a construção dos estádios de futebol para a Copa do Mundo de 2014.

    Ele esteve à frente da condução de contratos das quatro arenas erguidas ou reformadas pela empreiteira para o Mundial: a do Corinthians, em São Paulo (SP); a do Maracanã, no Rio (RJ); a Fonte Nova, em Salvador (BA); e a Pernambuco, em Recife (PE).

    Hoje, as concessões dos três últimos estádios também estão sob os cuidados da área administrada pelo executivo. Nos últimos tempos, BJ, passou a não esconder a decepção que a empresa vem tendo com o setor: "Achávamos que daria dinheiro de verdade. Mas tudo que aconteceu no governo [da presidente] Dilma nos atrapalhou. As manifestações, o ódio da população pela Copa. Sentimos isso até hoje", costuma dizer aos mais próximos.

    Da construção da Arena Corinthians surgiram amizades, como a com o deputado federal e ex-presidente do clube Andrés Sanchez (PT-SP). Figura constante nas partidas de futebol do Alvinegro, BJ costuma ser apresentado pelos conselheiros do time na área VIP como "quem manda no Itaquerão". O empresário também não deixa de ir aos jogos distantes –se necessário, de jatinho.

    Esse foi o caso de uma viagem dele a Buenos Aires, Argentina, para assistir à primeira partida do Corinthians contra o Boca Juniors na conquista inédita da Libertadores, em 2012. O fanatismo também está estampado no seu escritório, no Rio, onde tem itens do clube decorando sua sala.

    Nas partidas em que vai, geralmente acompanhado das duas filhas, BJ gosta de contar aos conselheiros corintianos que tem uma bandeira do clube hasteada em sua residência.

    Antes de ser preso, tinha esperanças de fazer os estádios gerenciados pela Odebrecht prosperarem. Planejava uma ampla reformulação para tratar da gestão dos estádios, que ainda não havia sido colocada em prática.

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