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    Movimentos sociais pedem a Dilma vetos a artigos da lei antiterrorismo

    REYNALDO TUROLLO JR.
    GABRIELA TERENZI
    DE SÃO PAULO

    24/02/2016 21h11

    Renato Costa/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 24/02/2016, José Guimarães (PT),Lider do pt na camara e Leonardo Picciani (RJ) líder da bancada do PMDB lider do Governo na Camara, durante Sessão plenária da Câmara na manhã desta quarta-feira,. (Foto: Renato Costa/Folhapress, PODER)
    Deputados em sessão da Câmara desta quarta (24), na qual aprovaram projeto da lei antiterrorismo

    O coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e colunista da Folha Guilherme Boulos apresentou ao ministro Jaques Wagner (Casa Civil) nesta quarta (24), momentos após a aprovação da lei antiterrorismo na Câmara, um pedido para que a presidente Dilma Roussef vete ao menos três pontos do texto que, segundo ele, podem criminalizar os movimentos sociais.

    Tratam-se dos artigos que permitem qualificar o dano ao patrimônio como terrorismo e dos que dispõem sobre "apologia ao terrorismo" e "atos preparatórios" –definições consideradas "extremamente vagas" por Boulos e movimentos sociais.

    O encontro com o ministro, em Brasília, já estava agendado anteriormente para falar do Minha Casa, Minha Vida 3, um pleito do MTST.

    "Apresentamos a ele [Wagner] nosso repúdio à nova lei e à iniciativa do Executivo. A presidente foi presa na ditadura militar por ser qualificada como terrorista. É lamentável que ela patrocine um projeto que possa criminalizar quem luta por direitos sociais", disse Boulos.

    Para ele, ainda que o texto da Câmara seja "menos ruim" que o do Senado, ainda abre brechas para a "interpretação subjetiva" do juiz e do delegado de polícia.

    ÔNUS

    No mesmo sentido, Rafael Custódio, coordenador do programa de Justiça da ONG Conectas Direitos Humanos, disse considerar a aprovação do projeto um retrocesso à democracia, apesar de o texto excluir da tipificação de terrorismo manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional direcionados por propósitos reivindicatórios.

    "O movimento [social] terá que provar, ao longo do processo criminal, que não cometeu um ato terrorista. É um ônus que cai para o cidadão, como quem tem que provar que cometeu um homicídio em legítima defesa", afirma.

    "Não existe um consenso no Brasil ou no exterior sobre o que é o terrorismo e como identificá-lo. Diante de uma lei subjetiva, os operadores da Justiça podem acabar criminalizando pessoas ou movimentos como os de estudantes ou de reforma agrária. Mesmo com a supressão [dos movimentos sociais], a lei é demasiado subjetiva", afirmou Custódio.

    "O texto tem ainda inconsistências absurdas, como o ato de terrorismo contra bem privado. Há um mínimo consenso, na lei internacional, de que terrorismo é um ato contra a vida de pessoas", argumenta. "Estudantes que ocuparam escolas públicas poderiam ser enquadrados nesse artigo."

    FACILITADORA

    Já o diretor de comunicação do Comitê Organizador da Rio-2016, Mário Andrada, disse que a lei não foi uma exigência para a Olimpíada, mas "facilita uma série de ações de segurança".

    "A nova lei é boa porque teremos instrumentos legais para prevenir o terrorismo. Facilita a ação das forças de segurança", disse.

    Por outro lado, segundo Andrada, considerando o histórico do país, "não há motivos para esperar atentados durante os Jogos".

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