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    Ex-mulher de Pedro Paulo assinou textos diferentes sobre agressão

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    27/02/2016 02h00

    Alexandre Cassiano - 12.nov.15/Agência O Globo
    Rio de Janeiro (RJ), 12/11/2015, Pedro Paulo / Entrevista - Entrevista coletiva com o Secretário de Coordenação de Governo da prefeitura do Rio de Janeiro, Pedro Paulo, sobre as agressões a ex-mulher Alexandra. Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Entrevista com o secretário Pedro Paulo e Alexandra, ex-mulher, sobre caso de agressão

    A turismóloga Alexandra Marcondes assinou no mesmo dia dois documentos com versões diferentes sobre as agressões que sofreu do ex-marido, o secretário Pedro Paulo (PMDB), pré-candidato do prefeito Eduardo Paes (PMDB) à sua sucessão.

    Os papéis com informações conflitantes foram assinados por Marcondes em cartório, ao lado de Pedro Paulo.

    O advogado da turismóloga, Paulo César Siqueira, afirmou que sua cliente assinou sem saber que se tratavam de documentos diferentes, mas não explicou as circunstâncias em que isso ocorreu.

    O secretário afirmou, via assessoria de imprensa, que não comentaria o caso.

    No dia 16 de outubro, Marcondes e o secretário foram ao Cartório de Santo Amaro, zona sul de São Paulo, para fazer o reconhecimento de firma da turismóloga em declaração sobre o caso.

    A medida foi tomada para responder à reportagem da revista "Veja", publicada naquele dia, que revelou o inquérito sobre os fatos.

    No documento distribuído à imprensa, Marcondes negava qualquer agressão, afirmando que "tudo foi invenção minha num momento conturbado".

    Contudo, outro documento assinado por ela no mesmo dia diz que "os ferimentos citados foram resultado de uma tentativa de agressão minha ao Pedro, que apenas tentou se defender".

    Este segundo foi juntado pela defesa do secretário ao inquérito que apura as agressões no STF (Supremo Tribunal Federal).

    Reprodução
    Documento assinado por Alexandra Marcondes sobre agressão do ex-marido Pedro Paulo (PMDB)
    Documento assinado por Alexandra Marcondes em que diz ter inventado agressão
    Reprodução
    Documento assinado por Alexandra Marcondes sobre agressão do ex-marido Pedro Paulo (PMDB)
    Documento assinado por Alexandra Marcondes em que diz que Pedro Paulo apenas se defendeu

    'SEMÂNTICA'

    Em entrevista à Folha em novembro, Pedro Paulo afirmou que o documento em que Marcondes negava as agressões foi feito "na ânsia de proteger a família".

    "Não vou ficar discutindo semântica de que ela não colocou bem essa frase", disse, sobre a versão falsa.

    No primeiro documento, a turismóloga involuntariamente confessava um crime de denunciação caluniosa –reportar falso crime à polícia. O segundo, apresentado ao STF, se tornou a linha de defesa jurídica de Pedro Paulo.

    O advogado de Marcondes disse que ela "não assinou conscientemente" os documentos conflitantes.

    "Há uma terceira versão completamente distinta, assinada no mesmo cartório e na mesma hora", afirmou ele.

    Siqueira disse "que todos os fatos e versões serão devidamente esclarecidos na Procuradoria-Geral da República ou onde for chamada".

    No dia 16 de outubro, foram reconhecidas firmas de Marcondes em 11 documentos. O cartório não mantém arquivo sobre o teor deles nesses casos. Apenas checa a grafia da assinatura.

    Os dois documentos têm o mesmo formato. A divergência ocorre apenas na segunda frase, que altera toda a versão sobre o caso.

    As agressões ocorreram na noite do dia 6 de fevereiro de 2010. Na data, Marcondes foi à polícia e afirmou ter sido vítima de socos e chutes por parte do então marido. Um laudo do IML apontou que um dente seu fora quebrado.

    A então babá da filha do casal, Ana Paula Bernardes, confirmou à polícia as agressões.

    Em dezembro passado, a turismóloga gravou um vídeo para a defesa de Pedro Paulo afirmando que o secretário se defendeu de agressões iniciadas por ela. Na gravação, ela não relata detalhes como socos e chutes. A peça foi entregue à Procuradoria-Geral da República, responsável pela apuração do caso.

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