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    Lava Jato

    Cunha conta com ministro do STF para interromper análise de seu julgamento

    DÉBORA ÁLVARES
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    01/03/2016 12h33

    O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem dito a aliados que, caso não consiga adiar o julgamento de denúncia contra ele por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, espera que um dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) entre com pedido de vista, interrompendo a análise do caso.

    O STF marcou para esta quarta-feira (2) o julgamento da acusação da Procuradoria de que Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina de contratos navios-sonda da Petrobras. Se a denúncia for acolhida, ele passa a ser réu, respondendo pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

    O ministro Teori Zavaski deve decidir nesta terça (1º) se acolhe ou não o pedido da defesa do peemedebista para que o STF adie a análise da denúncia oferecida contra o cliente pela Procuradoria-Geral da República para a próxima semana. Cunha alega que, além de o quórum do Supremo não estar completo essa semana com a ausência do ministro Luiz Fux, é necessário que ocorra o debate de dois recursos apresentados por seus advogados ainda não analisados antes de tratarem a denúncia.

    Desde segunda, os advogados de Cunha têm procurado os ministros do STF para entregar um memorial sobre o caso e discutir o inquérito. Nesta terça, o advogado Antonio Fernando de Souza, ex-procurador-geral da República, tem audiências com os ministro Gilmar Mendes, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

    Cunha tem dito a seus aliados na Câmara que faz parte da estratégia do PT a pressa do STF em seu julgamento. A visão do presidente da Casa é que ao virar réu, as manifestações convocadas pela oposição para o dia 13 de março, a favor do impeachment, contrárias à presidente Dilma Rousseff e o PT, se enfraqueceriam e se voltariam, em partes, para ele.

    Essa percepção foi reforçada pelo resultado da pesquisa Datafolha divulgada na segunda que apontou alto índice de rejeição à Cunha entre os entrevistados. Destes, 76% defendem que ele renuncie à Presidência da Câmara, enquanto apenas 12% o querem no cargo.

    A expectativa, no Supremo, é de que os ministros aceitem a denúncia, o que levará ao debate de outro pedido feito pela Procuradoria: o afastamento de Cunha da Presidência da Câmara por uso do cargo para atrapalhar as investigações contra ele.

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