A nova rodada de delações da Lava Jato, estimulada pela mudança de entendimento sobre o momento da prisão de um condenado promovida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), parece abrir as cortinas para o "Big Bang" da operação –só que, ao contrário do evento aceito em geral como a explosão que inaugurou o Universo como o conhecemos, falamos de um epílogo.

A serem confirmados os detalhes que circulam sobre as delações da OAS, da Andrade Gutierrez e, agora, do senador Delcídio do Amaral e outros que possam aparecer, parece que pouco sobrará em termos de estruturas do poder constituído a partir da chegada do PT ao Planalto em 2003.

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Naturalmente, tudo o que pode vir a ser dito precisará de comprovação, e haverá forças poderosas em movimento para estabelecer sua versão dos fatos. Todos podem, é claro, ser inocentes, apesar de que a pilha de provas e evidências coletadas em quase dois anos de Lava Jato dificulte –e muito– essa narrativa.

Previsível será o aumento da estridência pública dos alvos mais graúdos, ora na mira dos investigadores. Não é casual a renovada agressividade do maior ativo político sob apuração, o ex-presidente e presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A presidente Dilma Rousseff (PT), por sua vez, cada vez mais se vê como objeto de interesse. A serem confirmados os relatos atribuídos à proposta de delação de Delcídio, sua situação se complica bastante –numa semana em que começou a aparecer o papel das empreiteiras no pagamento de caixa 2 para sua campanha de 2010, prefácio do que pode ser escrito ainda.

Se a escrita de que a Lava Jato poderia ser alterada em tribunais superiores foi quebrada pelos mesmos, o fato de o Supremo ter determinado que um condenado em segunda instância já deve cumprir pena foi determinante para alterar a velocidade dos fatos.

Para ser jocoso com a sigla-fetiche da era Lula, foi estabelecido um verdadeiro PAC: o Programa de Aceleração de Cadeia (ou da Caguetagem, a gosto do cliente).