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    Lava Jato

    Sergio Moro decreta prisão preventiva de João Santana e de sua mulher

    FELIPE BÄCHTOLD
    DE SÃO PAULO

    03/03/2016 18h33

    O juiz Sergio Moro decretou nesta quinta-feira (3) a prisão preventiva do marqueteiro João Santana e da mulher, Mônica Moura, que tinham sido detidos na semana passada na fase Acarajé da Operação Lava Jato.

    Santana, responsável por três campanhas presidenciais do PT, é suspeito de receber no exterior pagamentos da Odebrecht e do lobista Zwi Skornicki, que representava o estaleiro asiático Keppel no Brasil.

    Com o decreto, o casal ficará detido por tempo indeterminado. Eles estão na Superintendência da PF no Paraná desde o dia 23.

    Moro citou como argumento em sua decisão provas obtidas em apreensões feitas na semana passada. Mencionou, por exemplo, planilhas que mostram pagamentos de R$ 22,5 milhões da empreiteira para o casal entre 2014 e 2015.

    O juiz disse que o uso de dinheiro de origem criminosa ou em caixa dois "é algo muito grave". "Agrava o quadro a probabilidade de que esses pagamentos tenham servido para remunerar os serviços prestados por João Santana e Monica Moura em campanhas do Partido dos Trabalhadores, com afetação do processo político democrático."

    Segundo o juiz, quando a fase Acarajé foi deflagrada, havia a expectativa de que o casal esclarecesse os depósitos recebidos no exterior por meio da offshore Shellbill, aberta no Panamá.

    No entanto, para o magistrado, os depoimentos dos dois, prestados na semana passada, foram "inconsistentes". Ele também afirmou que o relacionamento do casal com a Odebrecht é "muito maior do que o admitido" e que eles podem ter recebido muito mais dinheiro do que o relatado.

    O juiz ainda considerou que há "risco à instrução" e às provas porque Santana apagou sua conta no serviço virtual Dropbox no dia da operação da PF. Moro disse que, embora as prisões da Lava Jato recebam críticas, "a corrupção é sistêmica e profunda" e as detenções "impõem-se para debelá-la".

    OUTRO LADO

    A defesa do casal nega as acusações. Em depoimento, Mônica disse que os pagamentos no exterior se referiam a trabalhos em campanhas eleitorais na Venezuela, Angola e Panamá. Para Moro, porém, não há explicação para a relação de Zwi Skornicki com a campanha em Angola.

    Mônica disse que nunca recebeu dinheiro de caixa dois no Brasil e citou o escândalo do mensalão como "motivos óbvios" para isso.

    Antes do decreto de prisão preventiva, a defesa do casal afirmou que os investigadores não apresentaram provas de que os repasses mostrados nas planilhas aconteceram de fato.

    Em nota, a defesa diz que "a respeito da decisão do juiz Sergio Moro de converter as prisões temporárias de João Santana e Monica Moura em regime preventivo a defesa informa que considera injusta a decisão e que serão tomadas medidas para restaurar a legalidade".

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