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    Lava Jato

    Para PT e aliados, ação contra Lula é 'política', 'ilegal' e 'espetáculo'

    RANIER BRAGON
    GUSTAVO URIBE
    MARIANA HAUBERT
    ITALO NOGUEIRA
    THAIS ARBEX
    DE BRASÍLIA

    04/03/2016 10h17

    O líder do PT na Câmara dos Deputados, Afonso Florence (BA), afirmou em entrevista coletiva na manhã desta sexta (4) que a ação da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Lula é "ilegal, "política" e "golpista". Segundo ele, os pobres do Brasil vão defender o petista.

    "Essa ação confirma que se trata de uma operação política e ilegal, atacando o presidente Lula, o PT e principalmente as conquistas populares do último período", afirmou Florence.

    O petista disse que as bases do partido e movimentos sociais estão sendo convocadas para montar uma vigília e fazer manifestações de apoio ao ex-presidente em todo o país.

    "O presidente Lula sucessivas vezes prestou depoimento. A busca de pistas são malogradas, não existe pista e sobretudo prova contra o ex-presidente. [...] A Lava Jato é ilegal e está com conotação política há muito tempo. Eles não estão agindo com serenidade, estão colocando gasolina na fogueira", acrescentou.

    Segundo Florence, os "pobres do Brasil" vão sair em defesa de Lula. E disse que a operação foi combinada para coincidir com a divulgação da informação de que o ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), negocia delação premiada com a força tarefa da Lava Jato.

    "Essa operação vir logo após suposto depoimento e delação que não está homologada, mais uma vez evidencia a concatenação entre a natureza política e a ação ilegal da Lava Jato com a articulação golpista contra as conquistas do povo brasileiro, o PT e a imagem do presidente Lula. Os pobres do Brasil vão o defender."

    Florence ressaltou considerar que as investigações sobre Lula nada têm a ver com o governo Dilma –que, segundo ele, chefia um governo com investigações isentas, à exceção da Lava Jato.

    Alethea: 24º fase da Lava-jato - Quem foi alvo de condução coercitiva da PF

    A avaliação do governo Dilma é que o Ministério Público e a Polícia Federal decidiram reagir e mandar recados ao Palácio do Planalto depois da troca de comando no Ministério da Justiça e desencadearam as operações dos últimos dias, principalmente a desta sexta-feira (4) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    "Não há coincidências neste mundo, tudo faz parte de uma reação depois que a presidente Dilma tirou o ministro José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça", disse à Folha reservadamente um assessor presidencial, que logo cedo já estava se dirigindo para o Palácio do Planalto para reunião com a presidente.

    Para o Palácio do Planalto, tanto o vazamento da delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) como a operação desta sexta tendo como alvo Lula fazem parte de uma mesma estratégia de "acuar" o governo e mandar recados de que nada irá parar a Operação Lava Jato.

    Um assessor lembrou que o vazamento da delação de Delcídio ocorreu no dia em que estava marcada a posse do novo ministro da Justiça, Wellington César Lima e Silva, na quinta-feira (03), que substituiu o petista José Eduardo Cardozo.

    O PT e o ex-presidente Lula pressionavam a presidente Dilma a demitir Cardozo, avaliado pelos petistas como um ministro fraco, que não conseguia nem mesmo ter conhecimento antecipado das operações da Polícia Federal.

    Em reunião de emergência no diretório nacional do partido, o presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza, saiu em defesa nesta sexta-feira (4) do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticou operação que tem o petista como alvo.

    Segundo ele, o juiz Sergio Moro e a Polícia Federal passaram dos limites e armaram um "espetáculo patético e vergonhoso" contra o petista. "Foi desnecessário", resumiu.

    O ministro Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência) divulgou nota oficial na manhã desta sexta-feira (4) em que se diz "perplexo e indignado" com a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizada na 24 fase da Operação Lava Jato.

    "O presidente Lula já prestou depoimento e sempre se colocou à disposição das autoridades. Isso não é justiça, isso é uma violência", disse na nota.

    Rossetto foi ministro do Desenvolvimento Agrário nos dois governos Lula e no início do governo Dilma, quando assumiu a chefia da Secretaria-Geral da Presidência. Ligado à militância do PT, ele também atuou na coordenação da campanha à reeleição de Dilma Rousseff.

    Mais cedo, durante a chegada de Lula a Congonhas, a deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ) considerou a operação "espetacularização para ter a foto [de Lula] numa viatura". "Estão tentando desconstruí-lo moralmente e politicamente. Mas não vão conseguir não."

    "Essa reação vai crescer e aumentar muito. Essa ilegalidade travestida de legalidade ninguém engole. É um absurdo que se fez. Ele não é um bandido, um criminoso, que precise de condução coercitiva. Ele nunca se negou a falar. Ninguém vai mexer com o Lula impunemente", acrescentou a deputada.

    Em São Paulo, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, classificou 24ª fase da Operação Lava Jato como "política, midiática e policialesca".

    "O momento é de vigília e de reflexão."

    Falcão afirmou ainda que havia "nenhuma necessidade" de a Polícia Federal realizar a ação desta sexta (4) porque "todas as vezes que o presidente Lula foi convocado a depor ele o fez".

    "É um espetáculo político que mostra o verdadeiro caráter dessa operação, não se trata de combater a corrupção, mas sim o PT, o presidente Lula e o governo da presidente Dilma", afirmou.

    Cronologia do Lula

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