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    Lava Jato

    Doações e palestras pagas motivaram ação contra Lula, dizem procuradores

    JULIANA COISSI
    DE CURITIBA
    GRACILIANO ROCHA
    ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

    04/03/2016 13h04

    Ernani Ogata/Codigo19/Folhapress
    Integrantes da Lava Jato durante entrevista sobre a 24ª fase da operação

    Promotores da Lava Jato afirmaram nesta sexta-feira (4) que as investigações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua mulher e filhos concentram-se no indício de que o maior volume de pagamentos ao Instituto Lula e à empresa de palestras do ex-presidente vieram de grandes empreiteiras investigadas na operação.

    Lula foi conduzido a depor na 24ª fase da operação, deflagrada nesta sexta.

    Outra suspeita dos investigadores refere-se a supostos favores recebidos pelas empreiteiras que reformaram um sítio usado pela família de Lula e também de reformas em um tríplex no Guarujá (SP).

    Editoria de Arte/Folhapress

    Segundo Carlos Fernando Lima, um dos procuradores da força-tarefa, 60% das doações ao instituto, entre 2011 e 2014, foram feitas pelas empreiteiras, e também elas são as responsáveis por 47% dos valores pagos à Lils palestras. São elas Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, UTC, Camargo Correa e Andrade Gutierrez.

    "Hoje estamos analisando evidências de que o ex-presidente e sua família receberam vantagens para eventual consecução de atos dentro do governo", disse Lima, em entrevista coletiva.

    Também está em apuração, segundo os procuradores, que o Instituto Lula pagou para a G4, que pertence a um dos filhos do ex-presidente, mais de R$ 1 milhão em serviços e outros R$ 90 mil para a Flex BR. "Agora precisamos investigar se foram feitos", afirmou o procurador.

    A análise da documentação fiscal de Instituto Lula e LILS foi definida, nas palavras do representante da Receita Federal Roberto Leonel de Oliveira Lima, como "confusão operacional e financeira entre as duas entidades".

    "A LILS Palestra é uma empresa cuja sede é no endereço residencial do ex-presidente e não possui atividade operacional. A principal são as palestras dadas pelo ex-presidente. Então toda atividade operacional e logística são feitas por empregados e pessoas ligadas ao Instituto Lula."

    MUDANÇA EM CONTÊINERES

    A investigação envolve ainda suspeita de que a empreiteira OAS gastou R$ 1,3 milhão para armazenar a mudança de Lula quando ele deixou o Palácio do Planalto, no fim de seu mandato, em 2010.

    Foram dez contêineres alugados com este fim. Embora a negociação para guardar os bens tenha sido coordenada por Paulo Okamotto, também investigado nesta operação, a força-tarefa apontou que o contrato foi fechado entre a empresa armazenadora e a OAS. "Nesse momento é mais um indicativo de mais um suposto favor que precisamos investigar", afirmou o procurador Lima.

    A opção por tomar o depoimento de Lula em uma delegacia da PF no aeroporto de Congonhas visou a segurança do ex-presidente, segundo o delegado Igor Romário de Paula. Segundo ele, o acesso até a Superintendência da PF de São Paulo seria facilmente bloqueado por manifestantes e a opção de Congonhas pareceu mais segura. O ex-presidente prestou depoimento por toda a manhã.

    Do lado de fora da PF, manifestantes pró e contra Lula chegaram a trocar acusações.

    BOLSONARO EM CURITIBA

    O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi para Curitiba para comemorar a ação da PF contra o ex-presidente Lula nesta sexta. Ele e o também deputado Fernando Francischini (SD-PR) convocaram um ato em frente à delegacia.

    Antes, gravou um vídeo –publicado pela "Gazeta do Povo"– no qual convocava as pessoas para o ato de "comemoração". Nele, o parlamentar também ironizou a situação, mandando "um abraço" ao petista.

    "Espero que, quando for decretada a prisão do Lula, não seja como lá atrás, no período militar, que [a detenção do ex-presidente] seja para sempre", disse Bolsonaro no vídeo, referindo-se aos poucos dias de prisão do ex-presidente durante a ditadura militar (1964-85).

    No local, o deputado do Rio de Janeiro chegou a soltar rojões em homenagem à PF.

    Alethea: 24º fase da Lava-jato - Quem foi alvo de condução coercitiva da PF

    Editoria de arte/Folhapress
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