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    Lava Jato

    'Não vou abaixar a cabeça', diz Lula ao se sentir 'prisioneiro' em ação da PF

    DE SÃO PAULO

    04/03/2016 14h44

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não vai abaixar a cabeça e que se sentiu um prisioneiro durante a ação da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (4). Segundo o petista, "o que aconteceu hoje precisava acontecer para que o PT pudesse levantar a cabeça".

    Como parte das ações da 24ª fase da Lava Jato, Lula foi alvo nesta sexta de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento. Houve protestos de partidários do PT no local e também nas proximidades do apartamento dele em São Bernardo do Campo.

    "Não vou abaixar a cabeça", disse ele. "O que eles [a PF, o Ministério Público Federal] fizeram com esse ato de hoje, é que, a partir da próxima semana, CUT, PT, sem-terras, PC do B, me convidem, que eu vou andar esse país."

    Lula disse que se sentiu indignado pelo fato de delegados da PF terem aparecido em sua casa às 6h cumprindo ordens do juiz Sérgio Moro. "Ele poderia ter me mandado um comunicado pedindo para eu depor, eu iria. Me senti um prisioneiro hoje de manhã", disse.

    "Lamentavelmente, eles preferiram utilizar a prepotência, a arrogância, num espetáculo de pirotecnia. (...) Eles acenderam em mim a chama de que a luta continua", declarou Lula durante coletiva na sede nacional do Partido dos Trabalhadores, na região central de São Paulo.

    Lula afirmou que o comportamento dos investigadores é "muito grave" e que ele já havia prestado esclarecimentos: "Em 5 de janeiro, suspendi minhas férias para prestar depoimento em Brasília."

    Editoria de Arte/Folhapress

    O ex-presidente disse acreditar em instituições fortes e que elas são a garantia do estado democrático. "Mas uma instituição forte precisa ter pessoas muito responsáveis".

    Para ele, há uma tentativa de "criminalizar o PT". "Ser amigo de Lula é uma coisa criminosa hoje no Brasil, afirmou.

    Lula não esclareceu as suspeitas de que empreiteiras tenham pago reformas em um apartamento no Guarujá e num sítio em Atibaia que seriam frequentados pelo ex-presidente. Num dos poucos comentários que fez sobre as investigações, disse que "todo mundo pode ter um amigo que tenha uma casa de praia ou um sítio. Menos essa merda desse metalúrgico aqui".

    Sobre os altos valores que ele teria recebido por palestras de empreiteiras, Lula disse apenas que se transformou "no conferencista mais caro do mundo, junto com o Bill Clinton", porque o mundo queria saber como o governo conseguiu aprovar medidas como o Prouni, que dá bolsas para universitários. "Não tenho complexo de vira-lata."

    "Eu e meus companheiros me levaram a ser presidente desse país, e fui melhor que todos eles [os outros presidentes], que todos cientistas políticos, fazendeiros, advogados."

    DEFESA DE DILMA

    O ex-presidente também saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff. "Estão cerceando a liberdade de Dilma a governar o país. Se tem alguém neste país que precisa de autonomia é a presidente da República. Ninguém quer que essa mulher governe este país. Desde 26 de outubro de 2014, eles não estão permitindo que a Dilma governe."

    "Ao eleger Dilma, eu tinha consagrado a minha vida. Presidente bom é o que se reelege. E tribom é o que se reelege", disse o ex-presidente. Para ele, muitos se sentiram incomodados "quando os pobres começaram a ter acesso a emprego e educação".

    Assista

    DEPOIMENTO

    O ex-presidente registrou sua irritação em três horas e meia de depoimento prestados à Polícia Federal.

    Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que assistiu a parte do depoimento, Lula disse que sua condução coercitiva era desnecessária. Ele perdeu a paciência quando lhe perguntaram sobre pedalinhos mantidos pela família no sítio de Atibaia.. Dois pedalinhos que permanecem em um lago no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), foram comprados por um militar destacado como assessor de Lula. "Essa pergunta não está à altura da Polícia Federal", reagiu Lula, segundo relato de Paulo Teixeira.

    Como parte das ações da 24ª fase da Lava Jato, Lula foi alvo nesta sexta (4) de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento.

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