Pedro Ladeira - 5.nov.2015/Folhapress | ||
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz |
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Poder
Tuesday, 30-Apr-2024 01:22:05 -03Mulher de Cunha procura evitar ser julgada pelo juiz Sergio Moro
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA07/03/2016 17h05
A defesa da jornalista Claudia Cruz, mulher do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), enviou nesta segunda-feira (7) manifestação ao STF (Supremo Tribunal Federa) contra pedido da Procuradoria-Geral da República para que seja investigada pelo juiz Sergio Moro, que comanda as investigações da Lava Jato no Paraná.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou na sexta ] a segunda denúncia contra o presidente da Câmara por suspeita de ligação com o esquema de corrupção da Petrobras.
Ele teria recebido mais de R$ 5 milhões em propina de contratos da estatal na África, recursos que teriam abastecido contas secretas de Cunha e familiares no exterior, que pagaram despesas de luxo.
No documento, Janot pede que, como uma das quatro contas encontradas na Suíça está em nome de Claudia e tem uma das filhas do deputado, Danielle Dytz da Cunha, como beneficiária, a investigação sobre elas fique a cargo do juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, e não mais do STF. O ministro Teori Zavaski, relator da Lava Jato, terá que analisar o caso.
Esse desmembramento era um dos temores de Cunha nos bastidores, porque, sem o foro privilegiado no Supremo, é mais fácil na primeira instância a decretação de prisões cautelares.
A Procuradoria entendeu que é possível apurar se elas eventualmente cometeram crimes independente da ligação com Cunha porque elas tinham autonomia sobre as contas.
Para a defesa, o pedido de Janot não encontra justificativa e poderá dificultar a elucidação do caso.
"A remessa da apuração da conduta da peticionante [Claudia] ao primeiro grau [Moro] exigiria uma duplicidade de esforços probatórios. Fatos como a licitude dos recursos do denunciado [Cunha], a regularidade das contas, e a compatibilidade dos gastos familiares com a renda podem ser todos demonstrados de uma única vez, em um único ato, de forma a aproveitar a toda a entidade familiar", disse.
"Ora, se a alegada conta da peticionante [Claudia] seria o instrumento pelo qual o denunciado ocultou parte de seu patrimônio, e se seus gastos pessoais são indicativo de consumo familiar incompatível com a renda, inegável que a produção probatória referente a Eduardo Cunha aproveita a peticionante, seja para beneficiar, seja para agravar sua situação processual", completou.
Segundo a Procuradoria, entre agosto de 2014 e 2 fevereiro de 2015, as despesas de cartões de crédito de Cunha, sua mulher e sua filha somaram US$ 156,2 mil (R$ 626 mil).
A PGR aponta ainda que apesar de se declarar "dona de casa" Claudia apresenta gastos em lojas de luxo, como Chanel, Prada, entre outros.A acusação aponta que as despesas pessoais foram custeadas por propina de contratos da Petrobras na África e são "completamente incompatíveis como os rendimentos lícitos declarados do denunciado e seus familiares." Cunha teria recebido mais de R$ 5 milhões em propina para garantir o esquema de corrupção na Petrobras e atuar na Diretoria da Área Internacional para facilitar e não colocar obstáculo na compra do campo de Benin –ao custo de R$ 138 milhões para a estatal.
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