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    CPI do Carf é instalada, e relator diz que foco não será suposta venda de MP

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    08/03/2016 16h54

    Três meses depois de o Senado encerrar uma CPI que tratou do mesmo tema, a Câmara dos Deputados instalou nesta terça-feira (8) uma comissão de inquérito para investigar o esquema de corrupção no Carf, que é órgão responsável por julgar recursos de empresas contra multas da Receita Federal.

    A sessão de instalação contou com a presença de deputados de destaque tanto do governo quanto da oposição.

    Em meio às investigações da Operação Zelotes sobre venda de sentenças favoráveis a empresas mediante pagamento de propina, a oposição quer abordar também na CPI as suspeitas de venda de medidas provisórias nos governos do PT em benefício de montadoras.

    Já os governistas ameaçam ir para o confronto caso essa linha seja adotada, mirando empresas que eles apontam como alinhadas à oposição.

    O presidente eleito da comissão é o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA). O relator indicado foi João Carlos Bacelar (PR-BA). Como em quase todas as outras comissões da Casa, a CPI do Carf começa os trabalhos sob forte influência nos bastidores do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é adversário do governo.

    Bacelar disse que pretende concentrar no objeto inicial do requerimento da CPI, que não diz respeito sobre a suposta venda de MPs. "Mas é como dizem, a gente sabe como começa, mas nunca como termina uma CPI", afirmou o relator.

    "Vamos nos fatos. Não vamos trazer empresas só porque foram citadas, sem provas cabais. Não vamos atirar pedras, aleatoriamente, sem fundamento. Mas também temos que dar uma resposta à sociedade, não podemos pegar e empurrar para debaixo do tapete", disse Bacelar, que ficou de apresentar um plano de trabalho na próxima reunião da CPI, nesta quinta-feira (10).

    Segundo ele, certamente os bancos serão chamados para prestar depoimento.

    Conforme mostrou reportagem do jornal "Valor Econômico" nesta terça, Bacelar teve sua campanha financiada, entre outros, pelo Bradesco e pela JBS, duas das empresas investigadas na Operação Zelotes.

    LULA

    O objetivo dos partidos de oposição é que a CPI investigue Luis Cláudio, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da Operação Zelotes por receber pagamentos de lobista ligado a montadoras.

    A oposição já apresentou requerimentos para tentar convocar Lula e seu filho. Esses requerimentos podem ser votados nas próximas sessões.

    Durante a reunião de instalação, o petista Jorge Solla (BA) disse que não há cuidado sobre o que é divulgado ou investigado em relação ao partido. E que não pode haver dois pesos e duas medidas. Ele citou a investigação da Zelotes sobre a RBS, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul.

    Sob o argumento de que são vítimas de uma cobertura jornalística enviesada, petistas tem mirado a Globo nas últimas semanas. A emissora nega interferência político-partidária em seu noticiário.

    A CPI do Carf do Senado, encerrada em dezembro, recomendou o indiciamento de 28 pessoas, entre ex-conselheiros e lobistas. O relatório final excluiu políticos e não avançou em relação ao trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público.

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