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    Emissora de TV do Paraná diz que equipe foi feita refém pelo MST

    LUIZ CARLOS DA CRUZ,
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CASCAVEL (PR)

    09/03/2016 20h15

    A TV Tarobá, emissora afiliada da Band em Cascavel (PR), afirma que dois jornalistas foram feitos reféns por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), no início da tarde desta quarta-feira (9), durante reportagem sobre invasão a duas fazendas na cidade de Quedas do Iguaçu, região centro-sul do Paraná.

    Segundo a emissora, a repórter Patrícia Sonsin e o repórter cinematográfico Davi Ferreira faziam imagens da área invadida quando foram abordados por aproximadamente 50 sem-terra. O grupo, segundo a emissora, estava armado com facões, foices e pedras grandes.

    "Nós estávamos fazendo imagens de longe e, de repente, eles surgiram do nada gritando 'desliga, desliga' [os equipamentos]", afirma Ferreira. Os sem-terra ameaçaram quebrar os equipamentos e celulares dos dois.

    O carro da reportagem, diz o cinegrafista, foi cercado e os repórteres obrigados a seguir o grupo até uma espécie de QG do movimento. Por pouco mais de 20 minutos, ainda segundo Ferreira, eles permaneceram no local enquanto os sem-terra decidiam o que seria feito. "Eles xingavam o tempo todo", afirma Ferreira. Por fim, a equipe foi liberada.

    Em nota publicada em seu site, a TV Tarobá repudiou a ação e enfatizou que o MST feriu a liberdade de imprensa. "A equipe da Tarobá tentava se aproximar pra fazer imagens e tentar uma entrevista com alguém do MST, exatamente para que o movimento pudesse ter espaço de defesa das acusações de ocupação de fazendas naquela região", informou a emissora.

    O MST negou que tenha feito a equipe refém e diz que apenas pediu para que os repórteres deixassem o local. A liderança regional do movimento afirma que não concede entrevistas para a TV Tarobá devido ao posicionamento da emissora que, na visão do MST, "costuma criminalizar seus integrantes".

    CONFLITO

    O clima, que já era tenso na região de Quedas do Iguaçu, acentuou-se no último domingo (6) quando uma nova área da empresa Araupel foi invadida. A empresa, que atua no ramo de reflorestamento e beneficiamento de madeira, sofreu várias invasões nos últimos anos.

    Na madrugada de terça-feira (8), um grupo de mulheres ligadas ao MST incendiou e destruiu mudas de árvores da Araupel, que afirma ter tido prejuízo de R$ 2 milhões. O movimento reivindica a área, que, segundo eles, pertence à União.

    O policiamento na cidade foi reforçado, inclusive coma presença da Força Nacional, mas as equipes apenas monitoram o conflito.

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