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    Associações de comunicação e Unesco condenam violência contra jornalistas

    DE SÃO PAULO

    10/03/2016 22h04

    As entidades que representam os veículos de comunicação do país entregaram nesta quinta-feira (10) ao ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, um ofício no qual cobram providências do governo para enfrentar o aumento da violência e garantir a segurança de profissionais e empresas do setor.

    No encontro com o ministro, realizado no Palácio do Planalto, as associações de comunicação lembraram casos recentes de agressões e depredações e pediram que o Ministério da Justiça oriente polícias militares e civis a treinarem os agentes policiais para evitarem episódios de violência contra jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.

    Elas discutiram ainda a possibilidade da formulação de campanhas que ajudem a diminuir o que chamaram de "clima de acirramento" no país por conta da atual disputa política entre governo e oposição.

    O encontro teve as participações de representantes da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), da ANJ (Associação Nacional de Jornais), da Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) e da Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas).

    Segundo o presidente da Abert, Daniel Slaviero, o país tem enfrentado uma escalada de episódios de violência, nos quais jornalistas são agredidos e emissoras têm sido invadidas e depredadas. "Isso é inadmissível, atenta contra o estado de direito democrático e a liberdade de expressão.", criticou.

    De acordo com ele, tem havido uma interpretação equivocada de que os veículos de comunicação são protagonistas do processo político. "Eles não são, eles simplesmente informam e reportam os fatos que acontecem para a sociedade brasileira", explicou.

    "Toda vez que um profissional de imprensa é impedido de cobrir um fato, quem mais perde é a sociedade brasileira, que deixa de ser informada", afirmou.

    Em resposta, o ministro afirmou que o ofício será encaminhado à presidente Dilma Rousseff e ressaltou que o governo federal tomará as providências cabíveis.

    "Nós temos manifestado a preocupação do governo federal com esse ambiente de intolerância que cresce no país", afirmou. "O governo federal é contra qualquer tipo de manifestação de violência à restrição da liberdade de imprensa e da liberdade de opinião", acrescentou.

    Slaviero antecipou que será divulgado nos veículos de comunicação um manifesto para que sejam reforçados os equipamentos de proteção e o esquema de segurança para evitar episódios de violência contra profissionais de imprensa que cobrirem os protestos marcados para o domingo (13).

    REFÉNS

    A ANJ condenou nesta quinta-feira (10) a ação de integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) que fez dois jornalistas reféns nesta quarta (9) no Paraná.

    A repórter Patrícia Sonsin e o repórter cinematográfico Davi Ferreira, ambos da TV Tarobá, emissora afiliada da Band em Cascavel (PR), foram abordados por aproximadamente 50 sem-terra armados com facões, obrigados a seguir o grupo até uma espécie de QG do movimento e mantidos lá por cerca de vinte minutos.

    "Em mais um episódio criminoso, os integrantes do MST atentaram contra a integridade física dos jornalistas, impediram que eles exercessem sua atividade profissional e, durante cerca de vinte minutos, os mantiveram reféns", diz nota emitida pela ANJ.

    "Essa escalada de agressões e violência contra o trabalho jornalístico é fruto da intolerância, autoritarismo e impunidade", declarou a associação, que pediu que autoridades investiguem o caso.

    Na quarta, a TV Tarobá repudiou o episódio e disse que MST feriu a liberdade de imprensa.

    "A equipe da Tarobá tentava se aproximar pra fazer imagens e tentar uma entrevista com alguém do MST, exatamente para que o movimento pudesse ter espaço de defesa das acusações de ocupação de fazendas naquela região", informou nota da emissora.

    O MST negou que tenha feito a equipe refém e diz que apenas pediu para que os repórteres deixassem o local. A liderança regional do movimento afirma que não concede entrevistas para a TV Tarobá devido ao posicionamento da emissora que, na visão do movimento, "costuma criminalizar seus integrantes".

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