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    Lava Jato

    Lugo visita Lula e diz que no Paraguai não haveria prisão por suspeita

    THAIS ARBEX
    DE SÃO PAULO

    11/03/2016 16h51

    Marcos Brindicci/Reuters
    O presidente paraguaio deposto, Fernando Lugo, discursa para manifestante no Palácio Presidencial, em Assunção (Paraguai). *** Ousted Paraguayan President Fernando Lugo addresses supporters at the Presidential Palace in Asuncion June 22, 2012. Lugo said on Friday he accepted Congress' decision to remove him from office after a lightning-quick impeachment trial. Lugo, a former Roman Catholic bishop who was due to finish his term next year, urged supporters angered by his ouster to protest peacefully. In a television address, he said he already considered himself a "former president." REUTERS/Marcos Brindicci (PARAGUAY - Tags: POLITICS CIVIL UNREST PROFILE)
    O ex-presidente paraguaio, Fernando Lugo

    O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Instituto Lula, na tarde desta sexta-feira (11) e afirmou que em seu país "nunca ocorreria de um promotor, por suspeita, pedir a prisão".

    "De longe é difícil de avaliar, mas no Paraguai nunca ocorreria de um promotor, por suspeita, pedir a prisão. Por isso venho visitar um amigo, ver como está, dar um abraço, uma força e me inteirar do caso para depois poder opinar", afirmou Lugo ao chegar ao Instituto Lula.

    Fernando Lugo, que sofreu processo de impeachment em 2012, sob alegação de mau desempenho de suas funções, afirmou que "são casos muito diferentes, com algumas coisas similares", quando questionado sobre o processo contra a presidente Dilma Rousseff.

    "O que ocorreu com o [Manuel] Zelaya, em Honduras, e no Paraguai são casos de golpes suaves, não como os golpes militares da década de 70, que eram escandalosos. Agora são golpes mais refinados e estudados, de laboratório, com aparência e disfarce de que são legais", afirmou lembrando do caso de Zelaya, que foi derrubado por um golpe militar em 2009.

    Ao deixar a sede do Instituto Lula, na tarde desta sexta (11) o ex-presidente do Paraguai foi questionado sobre como Lula tem reagido sobre a possibilidade de ser preso.

    "Disse a Lula que no mundo da Justiça sempre há muitas injustiças e, às vésperas da Semana Santa, não posso deixar de dizer que sou crente e certamente nos recordamos da morte e ressurreição de Cristo, símbolo maior da injustiça do mundo, e que o homem deve estar preparado para tudo", disse Lugo.

    O ex-presidente paraguaio afirmou, no entanto, ser preciso lembrar que existe o princípio da presunção da inocência e o devido processo legal.

    "Esperamos realmente que aqui no Brasil a Justiça siga fazendo seu trabalho sem interferências e que, ao mesmo tempo, possa esclarecer os fatos", afirmou.

    Lugo, que ficou quase duas horas com o ex-presidente petista, disse "lamentar o ocorrido aqui com o companheiro Lula" e que o Paraguai também está interessado que essa situação possa estar esclarecida "o mais rápido possível", para "tranquilizar o povo do Brasil e para a tranquilidade do presidente Lula".

    Lugo classificou o encontro com o ex-presidente como "fraternal e amistoso". "O Lula que eu sempre conheci não perdeu o humor, está com paz e tranquilidade, que eu pensava que ele não ia ter. Eu trouxe um abraço de tanta gente do Paraguai que se recorda com afeto e carinho."

    IMPEACHMENT

    Fernando Lugo, que sofreu processo de impeachment em 2012, afirmou que o "juízo político é uma ferramenta jurídica presente em todas as constituições", mas se não estiver "enquadrado dentro do respeito processo de defesa é questionável, como foi o caso no Paraguai".

    Ele voltou a dizer que não há como comparar o que aconteceu no Paraguai com o processo contra a presidente Dilma Rousseff, mas que a "destituição de presidentes eleitos democraticamente como ocorreu em Honduras e no Paraguai e como se tentou em outros países há certas semelhanças".

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