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    o impeachment

    PMDB abafa divisões e adia rompimento com governo

    DANIELA LIMA
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    12/03/2016 02h00

    Na tentativa de projetar Michel Temer como um líder político capaz de unificar diferentes correntes "em nome do Brasil", o PMDB decidiu sufocar divisões internas e transformar sua convenção nacional num ato de unção ao vice-presidente.

    Após semanas de especulações sobre qual seria o tom do evento que acontece neste sábado (12), a cúpula peemedebista fez um acordo que prevê adiar qualquer decisão sobre o rompimento formal da sigla com o governo Dilma Rousseff em até 30 dias.

    Nesse contexto, a convenção vem sendo classificada nos bastidores como "um aviso prévio" do PMDB à petista. Líderes da sigla afirmam que, agora, é o momento "de falar para dentro" do partido e pregar a união em torno de Temer, que será reeleito presidente da sigla.

    O acerto foi fechado na noite desta quinta (10), em jantar dos líderes da legenda. Até então, havia uma disposição nas alas mais radicais do partido de usar o encontro para declarar, no mínimo, independência do Planalto.

    Essa medida desobrigaria deputados e senadores da sigla de votarem conforme determinação do governo e de seus líderes no Congresso.

    O recuo é resultado da ação de integrantes do PMDB no Senado, entre eles o presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), e de integrantes da legenda de Estados que ainda apoiam o governo, como o Rio de Janeiro do deputado Leonardo Picciani.

    Mesmo esses grupos, no entanto, reconhecem que a situação da presidente beira o insustentável. Nesse cenário, o adiamento da ruptura também dará ao PMDB tempo para acompanhar a repercussão das manifestações contra Dilma programadas para o domingo (13) e da finalização do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o impeachment.

    Há ainda uma preocupação em aguardar o desfecho da tentativa de Dilma de levar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o seu ministério. O PMDB não acredita que o petista abraçará a ideia, mas pondera que esse pode ser um fator relevante para o destino de Dilma.

    A cautela, porém, não impediu aliados de Temer de traçarem um roteiro com vistas a, em breve, sacramentar o desembarque do governo.

    A criação do MDB, agremiação que deu origem ao PMDB, completará 50 anos no final deste mês. O partido planeja grande evento para a data, que também será usada para lançar a segunda etapa do plano de governo do PMDB, que ficou conhecido como "Plano Temer". O novo documento terá foco em propostas para a ação social.

    MICROFONES

    Apesar de manter o discurso de união interna em prol de Temer, o partido não vai barrar críticas à aliança entre o PMDB e o PT. Os microfones do evento ficarão abertos para a apresentação de moções contra Dilma.

    Segundo o acordo da cúpula, no entanto, nenhuma dessas moções será votada. Os próprios líderes da legenda admitem que, embora ainda não haja unanimidade, hoje, a maioria do partido é a favor da ruptura com Dilma.

    Mesmo as alas mais radicais foram convencidas a adiar as deliberações. "Nesse momento o partido está preocupado em mostrar à nação que é capaz de se unir para ajudar o Brasil", reconheceu o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), um dos opositores ao PT mais ferrenhos da sigla.

    "A maioria do PMDB quer romper, mas isso ainda apresentaria uma divisão. Então vamos aguardar", concluiu.

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