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    Análise

    Junto com a crise, cresce a virulência entre Globo e Lula

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    13/03/2016 17h42

    Paralelamente à radicalização política no país, uma outra divisão, de caráter quase individual, vem crescendo e atingiu seu auge –até o momento– no "Jornal Nacional" de sábado, horas antes das manifestações.

    O principal telejornal da Globo questionou longamente um pedido de resposta do ex-presidente, dizendo que "não é verdade" que deixou de procurar Lula para registrar sua reação às acusações dos três promotores paulistas.

    Apresentou um e-mail como prova de sua solicitação de comentário.

    No domingo, o Instituto Lula contra-atacou postando que a reprodução do e-mail pelo "JN" havia apagado o logotipo do canal Globonews, cujo repórter havia solicitado o comentário, numa "farsa" para "enganar o público".

    Amontoaram-se críticas e ironias, das duas partes, no episódio todo.

    Mas o que chamou a atenção foram os 7min8s do "JN", inclusive 1min46s para trechos da resposta pedida por Lula –ao que parece mostrados preventivamente, pois os advogados do ex-presidente "preparam medidas judiciais".

    Houve várias tiradas pela voz de Alexandre Garcia, como: "Se os fatos são ofensivos ao ex-presidente", não é culpa da Globo. Ou ainda: "A emissora não é parte nas investigações a que está sujeito o ex-presidente".

    Sobre esta última ironia do "JN", há duas semanas um parlamentar próximo a Lula pediu investigação de um imóvel supostamente vinculado à família que controla a Globo –e já mencionado publicamente pelo ex-presidente.

    A denúncia, levantada por blogueiros também próximos a Lula, coincidiu com o aumento nas menções a seus familiares no "JN", o que talvez ajude a compreender a crescente virulência dos ataques de parte a parte.

    Um dos blogueiros da denúncia sobre o imóvel é Fernando Brito, curiosamente o autor do célebre direito de resposta de Leonel Brizola no "JN", pela voz de Cid Moreira, em 15 de março de 1994.

    A audiência da Globo e o poder do governador do Rio estavam então no seu maior patamar. Não se pode dizer o mesmo da Globo e do Lula de hoje, ambos com influência limitada sobre os acontecimentos, mas o rancor só faz crescer.

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