• Poder

    Sunday, 05-May-2024 08:26:30 -03

    Lava Jato

    Estado de Michel Temer é de 'perplexidade', dizem aliados

    DANIELA LIMA
    DE BRASÍLIA

    16/03/2016 20h18

    O vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) estava em sua casa, em São Paulo, quando recebeu a informação de que conversas telefônicas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recém-nomeado ministro da Casa Civil, haviam sido divulgadas.

    Segundo aliados, o vice-presidente ficou "perplexo" com a revelação.

    Marlene Bergamo/Folhapress
    COTODIANO - SAO PAULO - SP - o ministro do STF, Gilmar Mendes, recebe o vice-presidente da República, Michel Temer, para a aula de lançamento do IDP São Paulo. Temer tratou do tema â€Constituiçao e Democracia: a experiencia da Constituiçao de 1988â€. 11/12//2015 - Foto - Marlene Bergamo/ Folhapress - 0717.
    Michel Temer durante palestra no Instituto de Direito Público, em dezembro

    Temer, então, imprimiu a decisão e a transcrição das escutas tornadas públicas por ordem do juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, em Curitiba, e se deteve na avaliação dos autos.

    O vice trocou telefonemas com pessoas próximas e disse que permaneceria recolhido para "analisar o impacto" das revelações.

    Na cúpula do PMDB, a avaliação é de que o efeito político das escutas em que Lula trata de sua nomeação e das investigações das quais é alvo na Justiça é devastador. Um dirigente do partido chegou a proclamar que o "governo acabou".

    Antes da divulgação dos áudios, aliados de Temer já haviam decidido criticar publicamente a iniciativa de Dilma de tornar Lula ministro.

    À Folha Moreira Franco, ex-ministro e um dos principais interlocutores de Temer, disse que não havia sido "uma decisão inteligente" e que, com o gesto, a presidente havia "tirado os protestos das ruas e levado para a frente do Planalto".

    "Não achei uma decisão inteligente. As manifestações tinham um foco, uma expressão dominante: 'Fora, Dilma, Fora, Lula e Viva Moro'", avaliou. "Com isso, ela trouxe os protestos para a porta do Planalto", concluiu.

    LEGALIDADE

    Pessoas próximas ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fizeram questão de destacar que consideraram a atitude do juiz Moro de tirar o sigilo das investigações "fora do padrão" e previram a judicialização sobre a legitimidade das escutas e de sua divulgação pública.

    O próprio Renan externou posição nesse sentido ao dizer, no plenário do Senado, que "a Constituição diz que o STF (Supremo Tribunal Federal) é a instância maior da Justiça. Eu respeito qualquer juiz designado para qualquer questão, mas um juiz de exceção não pode substituir, por mais que queira, o STF".

    Renan, que é investigado na Operação Lava Jato, ainda pediu aos colegas moderação na repercussão do caso.

    INVESTIDA

    Antes de a mais nova etapa da crise se desvelar, quando o mundo político ainda estava sob o impacto da nomeação de Lula para a Casa Civil, tanto o presidente do Senado como Michel Temer receberam telefonemas dele.

    Tanto a Renan como ao vice-presidente, disse que era preciso conversar. Foi a primeira investida do novo ministro para reverter a tendência de afastamento entre o PMDB e o Planalto.

    A divulgação dos grampos que envolvem Lula, no entanto, tendem a envenenar esse contato. Há decisão na cúpula do PMDB, por exemplo, de levar à frente um processo de expulsão de Mauro Lopes (PMDB-MG), quadro da legenda que aceitou o cargo de ministro da Aviação Civil à revelia do partido.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024