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    Lava Jato

    Investigação sem citar PSDB seria 'uma farsa', diz Lula em grampo

    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    16/03/2016 20h47

    Em conversas com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), divulgadas pela Polícia Federal nesta quarta-feira (16), o ex-presidente Lula afirmou que as investigações da Lava Jato são "uma farsa, uma mentira" se a delação premiada dos executivos da Andrade Gutierrez, Elton Negrão de Azevedo e Otávio Marques de Azevedo, não citarem o PSDB nem o senador Aécio Neves (MG).

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    No telefonema, Lula indicou saber que seu telefone pudesse estar grampeado.

    "Tô te falando nesse telefone para ver se a Polícia Federal está gravando, acho que está grampeado. Mas é o seguinte: se a Polícia Federal e o Ministério Público, nessa delação da Andrade Gutierrez, não aparecer o PSDB nem o Aécio, qualquer brasileiro pode dizer que a delação uma farsa, é uma mentira", disse o ex-presidente.

    "O Aécio não quer mexer em nada porque ele não quer que as coisas dele sejam mandadas para investigação", afirmou, em referência à mudança no comando do Ministério da Justiça, pasta à qual a Polícia Federal é subordinada.

    O senador concordou. "Sobre o Aécio, você sabe que aquela história da Cemig [companhia energética de Minas] com a Andrade Gutierrez é um grande escândalo", disse Lindbergh, sem citar os motivos.

    Lula diz que "é guerra, e quem tiver artilharia mais forte ganha", e se compara com o general Vo Nguyen Giap, militar vietnamita que venceu potências na Guerra do Vietnã. "Derrotamos americanos, chineses, franceses, e estamos para derrotar a Globo agora."

    SUPERMINISTRO

    Em outro telefonema, desta vez com Edinho Silva, o ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência diz que é preciso evitar a ideia "que está na imprensa" de que Jaques Wagner, titular da Casa Civil, é um "superministro" dentro do governo.

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    Lula responde: "Vai cair, se ele for forte vai cair. Diga para o Wagner que ministro forte cai".

    Em conversas com o próprio Wagner, Lula defende a presidente Dilma Rousseff de críticas de movimentos sociais.

    "Não tinha [na visita de Dilma em 5 de março] aquele mau humor que a imprensa fala contra a Dilma. Eu falei: 'tem problemas, o partido não é obrigado a acatar tudo o que o governo faz, o governo não é obrigado a atender tudo que o partido quer. Mas temos que ter em conta que a Dilma é nossa presidenta. E ela sabe que nós somos o exército dela. Não tem muito o que ficar... É que nem a mãe da gente, faz comida, a gente não gosta, mas come'."

    Em outra conversa, o ex-presidente tentou minimizar as críticas dos movimentos sociais ao projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que reduz o peso da Petrobras na exploração do pré-sal.

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    "Vamos imaginar que a medida provisória do Serra era o bode. Tirou o bode da sala e colocou uma coisa mais razoável: que é garantir que a Petrobras tenha preferência", disse. "Também ficaria muito ruim se a Petrobras mantém a titularidade e não consegue fazer nada."

    E fez uma ressalva quanto ao tratamento de movimentos sociais: "Eles [a CUT] precisam ser tratados com um pouco mais de carinho, né, caralho, eles são os aliados".

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