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    o impeachment

    Análise

    Lula está politicamente impossibilitado de assumir cargo

    IGOR GIELOW
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    16/03/2016 21h35

    Dilma Rousseff nem conseguiu dar posse a Luiz Inácio Lula da Silva para tentar aplacar o movimento que busca tirá-la do cargo. A mera nomeação do petista para a Casa Civil e a divulgação dos estarrecedores áudios em que o ex-presidente aparece com toda a desenvoltura vulgar que é conhecida de seus íntimos foi suficiente para acender um rastilho de pólvora.

    Se governo tentou classificar os megaprotestos do domingo (13) como atos "segmentados" ou "isolados", terá muita dificuldade de classificar o que aconteceu no fim da tarde desta turbulenta quarta-feira (16) –talvez um dos dias mais vertiginosos da crise política em que o país está atolado há mais de um ano.

    Funcionários públicos deixando o trabalho na Esplanada dos Ministérios e descendo para protestar contra a patroa na frente do escritório dela. Uma pequena multidão indo espontaneamente à rua em várias capitais.

    A sensação é de que o desgosto expressado em redes sociais com a nomeação de Lula ultrapassou os cercadinhos virtuais e ganhou as ruas, num movimento algo incontornável. Como sempre, o fôlego das manifestações é incerto, mas a mensagem é fortíssima.

    Se Dilma fica à beira da acusação de favorecimento a um suspeito sob investigação, o que de resto refuta com uma versão capenga que pode se sustentar na base da impossibilidade do contraditório, Lula está politicamente impossibilitado de assumir a Casa Civil.

    A crueza dos diálogos, o desprezo institucional em relação à Justiça Federal do Paraná e ao Supremo Tribunal Federal, ou mesmo quando é jocoso com o prefeito carioca Eduardo Paes, tudo isso expõe um Lula que é conhecido do mundo político –mas muito distante da imagem burilada ao longo dos anos por marqueteiros.

    O estrago está feito. Como o Planalto irá manter Lula no papel de "salvador da pátria" com esse tiro político no coração na largada, é algo a ser visto. E se o petista era a última esperança de um governo cuja mandatária abdicou, o corolário lógico parece óbvio.

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