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    o impeachment

    Senado demite assessor de Delcídio que gravou conversa com Mercadante

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    18/03/2016 12h18

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Eduardo Marzagão e a filha do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), Maria Eduarda Amaral
    Eduardo Marzagão e uma advogada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS)

    O Senado exonerou nesta sexta-feira (18) o assessor do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) Eduardo Marzagão. Ele foi o autor das gravações que mostraram o ministro Aloizio Mercadante em conversas para evitar uma delação premiada do senador. Marzagão acusa a Casa de ter tomado uma decisão política.

    "Renan alegou quebra de confiança, mas quebra de confiança de quem, o que? Da instituição? Eu não fiz nada dentro da instituição. A quebra de confiança foi ter sido chamado por um ministro de Estado para ser convencido a cometer um crime que eu não aceitei. O que isso tem a ver com Senado? Renan fez sumariamente a pedido do governo", afirmou Marzagão à Folha. Ele se referiu ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que determinou sua demissão.

    Para o assessor, sua demissão é mais um reflexo da perseguição política que vem sofrendo após a revelação das gravações. Na terça (15), foi homologada a delação premiada de Delcídio, da qual fazem parte os registros feitos por Marzagão. O senador foi preso em novembro do ano passado sob a acusação de obstruir as investigações da Operação Lava Jato.

    Delcídio afirmou em depoimento que o ministro da Educação agia como "emissário" da presidente Dilma Rousseff e buscava passar recados para impedir que fechasse um acordo de colaboração. Ele entregou gravações à PGR (Procuradoria-Geral da República) de conversas entre Marzagão e Mercadante, nas quais o ministro tenta evitar a delação de Delcídio, oferecendo ajuda financeira e lobby junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) para a soltura do parlamentar.

    Renato Costa/Folhapress
    O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em coletiva
    O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em coletiva

    Em entrevista, Mercadante que estava prestando "solidariedade" ao senador preso e que não tinha intenção de impedir sua delação, influenciando na Operação Lava Jato.

    Segundo Marzagão, ele ainda analisará se poderá recorrer da decisão e diz que continuará trabalhando com Delcídio, de quem é assessor há mais de dez anos.

    O Senado também exonerou nesta sexta o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira Rodrigues. Ele foi preso junto com Delcídio por ter ajudado o senador nas tentativas de evitar uma delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

    As exonerações foram publicadas no Diário Oficial da União desta sexta. No documento, as dispensas são baseadas na Lei 8.112, que rege o regime jurídico de servidores públicos, e no dispositivo que autoriza a exoneração por decisão da "autoridade competente". Elas foram assinadas pela diretora-geral do Senado, Ilana Trombka.

    A assessoria de imprensa do presidente do Senado negou que tenha havido qualquer tipo de pressão política na decisão tomada por Renan. "A iniciativa foi do presidente. Não houve nenhum pedido do Palácio do Planalto ou do ministro Aloizio Mercadante. O cargo é de confiança e ele, Marzagão, perdeu a confiança ao reportar palavras que o presidente da Casa nunca disse".

    A assessoria fez menção a um trecho de uma das conversas em que Marzagão diz a Mercadante que Renan e o ex-presidente José Sarney teriam ligado para a esposa de Delcídio, Maika, para prestar solidariedade e, durante a conversa, teriam chamado a presidente Dilma Rousseff de "filha da puta".

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