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    o impeachment

    Em NY, brasileiros comem pão com mortadela em ato contra impeachment

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    18/03/2016 20h38

    Divulgação
    Protesto em NY
    Brasileiros protestam em Nova York a favor do governo Dilma

    "Quem quer o 'não vai ter golpe'?", diz a enfermeira Myriam Marques, 53, entregando um cartaz com esses dizeres a uma jovem com a mão estendida.

    Ela própria segura uma cartolina onde rabiscou "We (coração) Democracy" (nós amamos a democracia).

    Na outra mão, um megafone de onde puxa gritos de guerra contra o que chama de "golpe contra a democracia brasileira" –como define a possível derrubada do governo Dilma Rousseff.

    Cerca de 50 pessoas, a maioria brasileiros, se reuniram na Union Square na tarde desta sexta (18), para protestar contra o impeachment de Dilma e comer pão com mortadela. "Um símbolo da luta de classes no Brasil", diz o engenheiro de software Vinicius Fortuna, 35.

    Com uma marmita de alumínio cheia de sanduíches de pão de forma, ele critica "aquele pessoal da classe privilegiada fazendo piada com pobre. A pessoa que come mortadela tem a mesma dignidade de quem come caviar".

    "Queremos fazer eco aos milhares de brasileiros a favor da democracia", afirma Myriam, lembrando do ato pró-governo no Brasil realizado no mesmo dia.

    "VAI PRA CUBA!"

    Enquanto o grupo discursa, pelo menos três brasileiros passam maldizendo o ato. Ouve-se "vai pra Cuba!" e "petralhas!", num repeteco da polarização que se acentua no Brasil. "Little thighs" (coxinhas em inglês), devolve uma senhora a um deles.

    No domingo (13), Nova York também recebeu um protesto de brasileiros, mas a causa e o lugar eram diferentes. Exaltando o juiz Sérgio Moro e defendendo a prisão do ex-presidente Lula, em torno de 250 brasileiros tomaram a Times Square.

    Professor de alemão e português da universidade The New Schol, Rainer Brueckheimer, 53, reclama dessa "brasileirada que vem aqui, turista com dinheiro, burgueses que adotam a Times Square, onde compram todas essas bugigangas desnecessárias".

    Nesta quinta, os manifestantes concentraram suas críticas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Investigado na Operação Lava Jato, foi a ele quem coube instalar a comissão de inquérito contra Dilma. "Vai tomar no Cunha!", gritam alguns protestantes (outros acharam "pesado").

    COBERTURA

    Menções contrárias à Rede Globo também foram populares. Para os manifestantes, a empresa não trata governo e oposição de forma isonômica.

    "Parece que a Globo não comprou os direitos de transmissão deste protesto", berra no megafone a estudante de mestrado de urbanismo (pelo Ciência Sem Fronteiras) Mariana Bontempo, 25.

    O fotojornalista Luiz Roberto Lima, 42, traz à tona o ataque, em protestos anti-Dilma no Brasil, a quem se posiciona a favor da atual gestão –como o casal que apanhou de manifestantes na avenida Paulista por defender Lula.

    "Hoje estão atacando quem está de camisa vermelha. Amanhã vai ser quem está com a Bíblia, quem é negro."

    O historiador brasilianista James Green, da Universidade de Brown (EUA), diz que a repercussão da crise brasileira tem sido mostrada de forma parcial no exterior.

    A mídia internacional, segundo Green, "cita uma suposta conspiração de Lula e Dilma para um público que conhece pouco [o Brasil]. Aí acham que o país é bagunça, uma 'Banana Republic', e pensam: 'Vai cair esse governo corrupto'".

    Para o professor, toda corrupção deve ser investigada, não apenas aquela atribuída ao PT.

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