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    Lava Jato

    Prisão de suspeito de envolvimento no petrolão tem destaque em Portugal

    GIULIANA MIRANDA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    21/03/2016 09h32

    Reprodução/YouTube
    Operador Raul Schmidt Felippe Junior, preso em Portugal
    Operador Raul Schmidt Felippe Junior, preso em Portugal

    A prisão do operador luso-brasileiro Raul Schmidt Felippe Junior teve grande repercussão em Portugal, onde os desdobramentos da Operação Lava Jato e da crise política no Brasil têm ocupado espaço de destaque nos principais jornais e programas de televisão.

    Nos sites dos dois maiores jornais do país europeu, "Expresso" e "Público", a prisão do operador foi a manchete do noticiário, com mais destaque do que a visita do presidente americano Barack Obama a Cuba.

    O assunto também teve destaque nos principais telejornais.

    Durante a semana passada, a imprensa portuguesa noticiou extensivamente a posse e os desdobramentos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil. Com a repercussão do assunto, expressões como "foro privilegiado" e "delação premiada" já são populares no país.

    25ª FASE

    Schmidt foi preso na manhã desta segunda-feira (21), durante a 25ª fase da Lava Jato, em um apartamento de luxo da capital portuguesa. A prisão foi feita pela Polícia Judiciária, com participação de agentes da Polícia Federal do Brasil.

    Ainda não foram divulgadas mais informações sobre o local em que o operador está detido, mas o Ministério Público de Portugal informou que as autoridades brasileiras já manifestaram interesse em começar um processo de extradição.

    Investigado por suspeita de pagamento de propina aos ex-diretores da estatal Renato Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, ele também foi alvo de busca e apreensão. Os três ex-diretores continuam presos. O operador, que vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, estava foragido desde julho de 2015, quando foi expedida sua ordem de prisão.

    Além de atuar como operador, de acordo com o Ministério Público Federal, Schmidt "aparece como preposto de empresas internacionais na obtenção de contratos de exploração de plataformas da Petrobras".

    Ele tinha dupla nacionalidade, brasileira e portuguesa, e havia se mudado para Portugal após a deflagração da Operação Lava Jato.

    OPERAÇÃO MARQUÊS

    No ano passado, a Justiça portuguesa já havia indicado ligações entre Portugal e Brasil em um outro grande esquema de corrupção.

    Uma investigação conduzida durante a Operação Marquês –que avalia a ligação de políticos portugueses poderosos com esquemas de corrupção e tráfico de influência– apontou ligações entre o ex-primeiro ministro de Portugal José Sócrates (Partido Socialista) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Em 98 páginas, um dos relatórios da investigação portuguesa mostra que Sócrates tentou usar sua relação com Lula para influenciar decisões do Ministério da Saúde do Brasil em favor de uma farmacêutica europeia para qual prestava consultoria.

    Segundo a imprensa portuguesa, Lula e Sócrates teriam se encontrado pelo menos três vezes entre setembro de 2013 e novembro de 2014.

    O último encontro estava marcado para 25 de novembro de 2014, no Brasil, mas acabou não acontecendo. José Sócrates acabou preso no âmbito das investigações de corrupção da Operação Marquês em 21 de novembro daquele ano, quando regressava de uma viagem para Paris dias antes do embarque para o Brasil.

    O ex-chefe de governo português ficou quase um ano detido e ainda é investigado.

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