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    o impeachment

    Para Renan, se não houver crime de responsabilidade, 'não é impeachment'

    DÉBORA ÁLVARES
    DANIELA LIMA
    DE BRASÍLIA

    22/03/2016 17h04

    Pedro Ladeira - 9.mar.2016/Folhapress
    O ex-presidente Lula visita o senador Renan Calheiros na residência oficial do Senado
    O ex-presidente Lula visita o senador Renan Calheiros na residência oficial do Senado

    Após se reunir com Lula nesta terça-feira (22), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que, sem a caracterização de crime de responsabilidade, "o nome, sinceramente, não é impeachment".

    "Quando não há caracterização do crime de responsabilidade, não é impeachment. O nome deve ser outro", repetiu em seguida. Questionado se poderia ser chamado de "golpe", como os petistas tem classificado o processo, Renan não respondeu.

    O senador esteve nesta tarde com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em Brasília desde segunda (21), quando assumiu informalmente a articulação política do governo, após ter sido impedido, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de assumir o comando da Casa Civil. O ex-presidente José Sarney (PMDB) também participou do encontro.

    Os três conversaram sobre a situação política e formas de impedir o impeachment de Dilma. Renan é um dos poucos peemedebistas que, na visão do Palácio do Planalto, pode mudar o rumo da situação.

    É uma avaliação semelhante a que é feita sobre Sarney. O ex-presidente do PMDB é amigo de Lula e Dilma e não tem boa relação com o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), que assume o cargo em caso de impeachment.

    Renan, investigado em sete inquéritos no STF, defende "isenção", "equilíbrio", "responsabilidade" e "bom senso". Seu correligionário, Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara, admitiu o processo e trabalha para acelerar a tramitação na comissão especial instalada na última semana.

    A Folha apurou, contudo, que, embora mantenha publicamente um discurso pró-governo, o presidente do Senado tem dito, em conversas reservadas que "não há mais jeito".

    Antes de se encontrar com Lula, ele esteve com o presidente do DEM, senador José Agripino (RN). Na noite de ontem, recebeu na residência oficial do Senado os aliados Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE).

    Escalado por Dilma, o ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, também apareceu no fim da noite.

    O PMDB está dividido em relação ao impeachment da presidente Dilma. Temer, que foi reconduzido ao comando do partido, tem mantido conversas com líderes da oposição. Na noite de ontem, encontrou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), em São Paulo.

    Para o tucano, a fala de Renan demonstra um desencontro em relação ao posicionamento do partido. "O que se percebe é que a posição do PMDB avança mais rápido que a do presidente do Senado".

    ROMPIMENTO

    Entre segunda e terça, Dilma e o ex-presidente Lula fizeram uma ofensiva para tentar evitar que o diretório do PMDB decida já na próxima semana se fica ou não no governo.

    Em reunião na noite de segunda, a presidente ouviu dos ministros peemedebistas que, hoje, ela perderia na comissão especial que vai votar seu pedido de impeachment.

    Nesta reunião, Dilma pediu aos ministros que buscassem, pelo menos, adiar a reunião do PMDB para o dia 12 de abril, a data original acertada na convenção para tomar uma decisão sobre o rompimento com o Planalto.

    As tratativas, contudo, não tiveram o efeito esperado e Temer manteve a próxima terça-feira (29) como data para a decisão. Caso o PMDB decida romper com o governo, os sete ministros da sigla terão até 12 de abril para deixar as pastas caso queiram continuar no partido.

    Segundo peemedebistas, o argumento é que a antecipação do encontro para o dia 29 foi decidida a partir do pedido de 13 diretórios regionais e que não havia solicitação com apoio majoritário para rever a data.

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