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    Rio de Janeiro

    Pezão vai se licenciar do cargo por 30 dias para tratamento

    MARCO ANTÔNIO MARTINS
    DO RIO

    24/03/2016 15h01

    Carlos Magno - 26.6.14/Divulgação
    Rio de Janeiro, 26.06.2014. Governador Luiz Fernando Pezão na Assinatura de contrato de Microcrédito de nº 500, concedidos aos microempreendedores daquela Comunidade; Inauguração do posto de atendimento de Microcrédito da AgeRio; Lançamento do atendimento itinerante da AgeRio, que será prestado em micro ônibus doado pela MAM Latin America. Foto: Carlos Magno ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) em evento no Rio de Janeiro, com o prefeito Eduardo Paes

    Diagnosticado com um linfoma (câncer no sistema linfático) que atingiu os ossos, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, 60, tentou se mostrar disposto para o tratamento que começa nesta sexta (25).

    "Vou encarar esse momento com muita determinação e firmeza. Sei que tem coisas piores na vida. Deus dá pra gente o fardo que podemos carregar", disse o governador, nesta tarde de quinta (24).

    O governador estava no auditório do hospital Pro-Cardíaco, na zona sul do Rio, acompanhado da primeira-dama do Estado, Maria Lúcia, e dos médicos Claudio Domenico e Daniel Tabak.

    Inicialmente, o governador irá tirar uma licença de 30 dias do cargo. No período de licença de Pezão, o vice-governador Francisco Dornelles (PP), 81, assume o cargo.

    "Estarei ligado o tempo todo. Hoje em dia com o WhatsApp se resolve com três ou quatro despachos por dia. E conto com o Dornelles e os secretários. Não vai ter problema", disse o governador.

    Pezão conta que começou a sentir calafrios no último dia 4, véspera da convenção do PMDB, em Brasília. No sábado, com febre, foi orientado pelo médico Domenico a voltar para o Rio e ser submetido a exames. O governador está internado há 13 dias.

    De acordo com o oncologista Daniel Tabak, o governador foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin, tipo T, anaplásico, de grandes células, ALK positivo.

    Tabak avalia que o governador está com uma doença incomum e bastante agressiva. "Por isso, potencialmente, curável", diz.

    RECOMENDAÇÃO MÉDICA

    O médico conta que ainda nesta tarde de quinta Pezão passará por uma cirurgia para a implantação de um catéter sub-cutâneo. O procedimento é considerado simples e a anestesia será local.

    A partir de sexta (25) terá início a quimioterapia. A previsão é que o governador seja submetido de seis a oito ciclos de 21 dias de quimioterapia.

    O primeiro dia de sessão terá uma duração maior de duas a três horas. E nos dias seguintes, cada sessão terá duração de 1h.

    "Não existe comprometimento hepático ou renal. O quadro clínico dele é bom. A sua idade também é um fator favorável. O comprometimento está limitado ao esqueleto", diz Daniel Tabak.

    A oitava e nona vértebra do governador estão comprometidas pelo linfoma, de acordo com os exames feitos na sexta (18).

    O médico afirma que a doença não pode ser atribuída à atividade do governador.

    "Não temos uma causa específica. Podem estar associadas a vírus ou bactéria. A recomendação médica é que o paciente seja preservado para o tratamento", afirma Tabak.

    DETALHES

    Linfomas são tumores das células de defesa, os linfócitos, que podem ser do tipo T, B ou NK. O câncer de Pezão –linfoma não-Hodgkin tipo T– é menos frequente e tende a ser mais grave que o tipo B, segundo Phillip Scheinberg, chefe de hematologia clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (Beneficência Portuguesa).

    A doença geralmente começa nos gânglios, mas pode ter envolvimento ósseo e em outras partes do corpo, o que também sugere comportamento mais agressivo.

    Por outro lado, o fato de ser ALK positivo (ou seja, expressar a proteína ALK) é um dado favorável, já que esse tipo de linfoma responde melhor e de forma mais duradoura ao tratamento.

    "Os outros tipos de linfoma não-Hodgkin tipo T não costumam responder bem à quimioterapia e requerem transplante autólogo [com células-tronco do próprio paciente] como terapia subsequente, para que a doença não volte. O fato de ser ALK positivo muda a conduta e favorece o prognóstico", afirma Scheinberg.

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