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    o impeachment

    PMDB-RJ sinaliza com desembarque do governo após ofensiva de Dilma

    VALDO CRUZ
    NATÁLIA CANCIAN
    DÉBORA ÁLVARES
    DE BRASÍLIA

    24/03/2016 21h37

    A presidente Dilma Rousseff decidiu que vai demitir todos os assessores nomeados por peemedebistas que optarem pelo rompimento com o governo, proposta que ganhou nesta quinta-feira (24) a indicação de apoio do diretório do Rio, o maior e mais influente do partido.

    Dilma já fez o primeiro gesto de punição infiéis na quinta (24), ao demitir um assessor indicado pelo vice-presidente Michel Temer.

    Renato Costa-12.mar.16/Folhapress
    Líderes do PMDB durante a convenção nacional do partido, em Brasília
    Líderes do PMDB durante a convenção nacional do partido, em Brasília

    Às vésperas da decisão do PMDB de romper ou não com o Palácio do Planalto, o "Diário Oficial" publicou a exoneração do presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Antônio Henrique de Carvalho Pires.

    No mesmo dia da demissão, o diretório regional do Rio tomou decisão favorável ao rompimento. A seção é considerada a maior aliada de Dilma no partido.

    Ao todo, os fluminenses têm 12 dos 119 membros do diretório nacional. Se todos votarem contra o governo no encontro marcado para o dia 29, como chegou a ser divulgado pela ala oposicionista, o desembarque do governo é dado como certo.

    Há, porém, a possibilidade de alguns membros votarem com o governo por causa de compromissos assumidos com a presidente, como o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o líder no PMDB na Câmara, Leonardo Picciani.

    Diante do risco de rompimento do PMDB, o governo passou a apostar em aprofundar a divisão do partido e destinar todos os cargos que forem retirados de peemedebistas para outros aliados, do PMDB e de outros partidos, que estejam dispostos a votar contra a abertura de um processo de impeachment.

    Nas palavras de um assessor da petista, o que o PMDB oposicionista "pensa que vai nos matar pode nos salvar".

    Segundo ele, o governo, depois de uma eventual debandada dos peemedebistas, terá cerca de duas semanas para usar estes cargos na busca de garantir os 171 votos na votação contra o impeachment na Câmara, prevista para abril ou maio. O PMDB tem 69 deputados.

    Dentro do grupo do vice, a exoneração foi considerada uma retaliação da presidente por causa da decisão de manter a reunião que definirá o desembarque no dia 29.

    A Funasa era o último cargo com indicação direta de Temer no governo. Também fazia parte de sua cota a Secretaria de Aviação Civil, quando o ex-ministro Eliseu Padilha comandava a pasta.

    Outras indicações podem passar por seu nome, mas não são consideradas cotas pessoais.

    Em Teresina, o piauiense Pires afirmou que sua demissão foi uma "retaliação" ao PMDB.

    CONFLITOS INTERNOS

    No Palácio do Planalto, o discurso é outro. Reservadamente, um auxiliar desabafou dizendo que o vice-presidente "roda o país de avião da FAB para articular o golpe" contra Dilma.

    A expectativa do governo é garantir o apoio de pelo menos 28 dos 69 deputados peemedebistas e entregar a este grupo parte dos cargos que serão retirados dos "infiéis".

    Oficialmente, o Ministério da Saúde atribuiu a saída do presidente da Funasa a "conflitos internos de gestão".

    Colaborou YALA SENA, de Teresina

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