• Poder

    Saturday, 18-May-2024 17:53:05 -03

    o impeachment

    Com acirramento da crise política, cor da roupa causa discórdia nas ruas de SP

    SARAH MOTA RESENDE
    DE SÃO PAULO

    27/03/2016 02h00

    Arquivo pessoal
    A estudante Nathalia Gorga, que foi abordada por usar com sua blusa laranja
    A estudante Nathalia Gorga, que foi abordada por usar com sua blusa laranja

    A blusa era laranja, "mas um laranja puxado para o vermelho", conta a estudante Nathalia Gorga, 21. Na avenida Paulista, ela gravava um vídeo para um trabalho para a faculdade quando foi abordada por um desconhecido.

    "Ele perguntou se eu estava cobrindo manifestações. Disse que, com aquela cor de roupa, não era possível fazer um trabalho direito", conta a estudante, que diz ter votado em Aécio Neves (PSDB) na eleição de 2014.

    O episódio ocorrido na sexta (18) é o reflexo, nas ruas, da polarização política que costuma limitar-se a bate-boca na esfera virtual. Durante a semana, alertas circularam pelas redes pedindo precaução com a escolha da cor de roupa antes de sair à rua.

    Os relatos dão conta de que a cor das vestimentas se tornara motivo de ameaças.

    De um lado, manifestantes favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff, identificados com as cores verde e amarelo. De outro, grupos contrários à saída da presidente, vestindo vermelho.

    Na quinta-feira (17), também na Paulista, Lucas Pena, 22, caminhava até o ponto de ônibus quando viu o secretário da Segurança de São Paulo, Alexandre de Moraes, ser hostilizado por um grupo que protestava contra Dilma.

    "Eu me aproximei para saber quem eles estavam cercando. Quando me viram, falaram coisas do tipo 'sai daqui com esse vermelho', me chamando de comunista, petista", lembra Lucas, que estava de regata vermelha e skate. Ele diz não ser petista "de jeito nenhum".

    A ofensiva também parte do lado oposto. Uma internauta, que preferiu não se identificar, compartilhou nas redes sociais o relato de uma vizinha que, na alameda Santos, paralela à Paulista, afirmou ter sido agredida por manifestantes de vermelho só porque usava uma blusa verde. "Rasgaram a camiseta e acertaram na cabeça dela mastros de bandeiras."

    Procurada pela reportagem, a mulher conta que ficou surpresa com a repercussão do caso. "Me manifestei para alertar familiares", diz.

    Na quarta-feira (16), após a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, uma mobilização virtual pregava o uso de roupas pretas em sinal de luto. Como é praxe nas mídias digitais, o assunto viralizou como piada. Sem saber, quem vestia preto por acaso brincou no Twitter dizendo "vim de preto porque só tenho roupa suja" e "vim de preto porque sou gótica".

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024