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    Lava Jato

    PGR já repatriou R$ 78 milhões com delações da Operação Lava Jato

    MÁRCIO FALCÃO
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    27/03/2016 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O procurador geral da República, Rodrigo Janot, durante reunião do Conselho Nacional do Ministério Público
    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot

    A Procuradoria-Geral da República alcançou a repatriação de R$ 78 milhões com os acordos de delação premiada da Operação Lava Jato fechados com o aval do STF (Supremo Tribunal Federal).

    Esses valores se referem apenas aos delatores que citaram deputados, senadores e ministros, que são detentores de foro privilegiado e só podem ser investigados com autorização do Supremo.

    Além disso, por meio da atuação na primeira instância da Lava Jato, em Curitiba (PR), foram repatriados outros R$ 440 milhões. Isso porque a maioria dos acordos de colaboração não envolve citação a parlamentares, embora estes sejam os de maior repercussão.

    O bloqueio e a repatriação de valores são resultados de acordos de cooperação jurídica internacional.

    Segundo investigadores da Lava Jato, a expectativa é de que esses pedidos de cooperação internacional e a repatriação envolvendo menções a políticos aumente. Os procuradores estão atrás do rastro de pagamentos suspeitos feitos a empresas offshore e a agentes públicos.

    Entre os delatores que falaram aos investigadores sobre autoridades estão, por exemplo, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e o lobista Fernando Soares, conhecido como Baiano.

    Foi a partir dos depoimentos de Paulo Roberto e Youssef que foram abertos a maior parte dos inquéritos que investigam 24 deputados, 14 senadores, o ministro Edinho Silva (Comunicação Social) e o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Raimundo Carreiro por suposta ligação com o esquema de corrupção da Petrobras. Eles negam envolvimento.

    GASTOS

    Para avançar nas investigações, a Procuradoria desembolsou até o momento, passado um ano do início da investigação no Supremo, cerca de R$ 700 mil.

    Foram gastos R$ 258 mil em diárias, R$ 315, 8 mil em passagens e R$ 117,2 mil em traduções. Os dados incluem, por exemplo, deslocamentos de procuradores e delatores.

    Um levantamento mostra ainda que foram autorizadas, por exemplo, 128 quebras de sigilos bancário e outros 108 de sigilo fiscal.

    Entre os alvos da operação estão os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além do senador Edison Lobão (PMDB-MA), que foi ministro de Minas e Energia.

    Também foram realizadas 101 quebras de sigilo telefônico, como do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) que acabou atingindo o doleiro Alberto Youssef e executivos afastados da Construtora Queiroz Galvão.

    A Procuradoria também realizou duas grandes operações chegando a residências, escritórios e endereços ligados a senadores, deputados, ministros, ex-ministros, além da prisão do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato. Ao todo, foram 118 pedidos de busca e apreensão. Houve autorização para buscas na residência oficial da Câmara.

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