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    o impeachment

    Para Planalto, PMDB desprezou 13 anos de parceria em três minutos

    GUSTAVO URIBE
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    29/03/2016 19h17

    A presidente Dilma Rousseff esperava o rompimento do PMDB com o governo federal, mas demonstrou irritação com a rapidez do encontro. Em três minutos, sob gritos de "Fora, PT" e "Temer presidente", o PMDB oficializou na tarde desta terça-feira (29) seu desembarque da Esplanada dos Ministérios.

    Nas palavras de um assessor presidencial, para quem a decisão do PMDB foi autoritária, "em três minutos, o partido desprezou 13 anos de parceria" –em referência ao apoio oficializado ainda no primeiro mandato de Lula. A ordem, a partir de agora, é abrir uma guerra pública contra o vice-presidente Michel Temer.

    Para deslegitimar sua autoridade para governar o país, o governo federal deve encampar o discurso de que Temer é o "capitão do golpe" e de que "está em conluio" com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para aprovar o impeachment.

    Nesse momento, a presidente ainda não deve protagonizar os ataques, que ficarão a cargo de ministros e líderes da base aliada no Congresso Nacional. A estratégia é também tentar enfraquecer a mobilização para tirá-la do cargo.

    Segundo o Palácio do Planalto, a ruptura do PMDB também significa um rompimento definitivo na relação entre Dilma e Temer, abalada desde o ano passado. Para a presidente, tornou-se "irreversível" um distanciamento completo do vice-presidente.

    Nos últimos dois meses, os dois não se falaram. O peemedebista não é chamado desde o início do ano nem para audiências privadas, nem para reuniões de coordenação política. Em encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Temer reclamou da tentativa de Dilma isolá-lo.

    Com a ruptura completa da relação, o vice-presidente pretende se afastar de Brasília e esperar o desfecho do processo de impeachment em São Paulo. O objetivo é adotar uma "agenda discreta", sem ações ostensivas que passem a impressão de que ele deseja assumir o cargo.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, 29.03.2016, BRASIL, - Reunião do diretório nacional do PMDB que decide a saída do partido da presidente Dilma Rousseff. (Foto Pedro Ladeira/Folhapress)
    Da esq. para a dir., Eduardo Cunha, Romero Jucá e Valdir Raupp em reunião do PMDB

    VAREJO

    Sem o PMDB, o governo federal tenta agora recuperar em outros partidos os votos perdidos para evitar a aprovação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados.

    O governo federal já contabiliza cinco ministérios que serão incluídos no varejo: Turismo, Aviação Civil, Portos e Minas e Energia (todos ocupados por peemedebistas), além do Esporte, ainda ocupado por George Hilton (ex-PRB, hoje no Pros).

    A intenção é distribuir os postos já na próxima semana para partidos como PP, PR, PSD e PEN. Pelo cálculos, com esses partidos, é possível garantir 30 votos contrários ao impeachment que seriam dados pelo PMDB.

    O Palácio do Planalto ainda não colocou na conta Agricultura, Ciência e Tecnologia e Saúde; há dúvidas sobre se os atuais ministros dessas pastas, todos do PMDB, deixarão mesmos os cargos.

    Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde) estudam pedir licença do partido; Kátia Abreu (Agricultura) considera retornar ao PSD, de onde saiu em 2013. Os ministros peemedebistas pretendem inclusive promover um encontro nesta quarta-feira (30) para discutir a questão.

    No esforço de remodelar a base aliada, a presidente se reuniu nesta terça com os ministros Gilberto Kassab, do PSD, e Antônio Carlos Rodrigues, do PR, para avaliar a nova composição da Esplanada dos Ministérios.

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