• Poder

    Saturday, 04-May-2024 19:09:41 -03

    o impeachment

    Governo faz 'varejão' de ministérios que estavam com o PMDB

    DE BRASÍLIA

    31/03/2016 02h01

    Um dia após o rompimento do PMDB com o governo, a equipe da presidente Dilma Rousseff passou a oferecer ministérios que estão nas mãos de peemedebistas para partidos como o PP e o PR, na tentativa de conseguir votos nessas legendas e barrar a abertura de um processo de impeachment na Câmara.

    Ao PP o governo ofereceu o Ministério da Saúde, hoje sob o comando de Marcelo Castro (PMDB-PI). Ao PR, o Ministério de Minas e Energia, que ainda está sob o comando de Eduardo Braga (PMDB-AM).

    A ofensiva explícita do Planalto despertou críticas mesmo nas alas mais moderadas do PMDB, que acusaram a presidente de promover uma "liquidação do Estado".

    Em defesa da estratégia, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirma que trocas de cargos "ocorrem 365 dias por ano em um governo federal". "Não existe espaço vazio na política", disse à Folha.

    A intenção de entregar a Saúde ao PP, por sinal, acabou revelando um acordo informal que o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), havia feito com o governo de, mesmo com o rompimento, dar até 25 votos para barrar o impeachment.

    Picciani, ao saber da decisão do Palácio do Planalto de tirar seu aliado Marcelo Castro da pasta, disse que romperia o acordo informal com a presidente Dilma.

    O desconforto com a negociação aumentou depois que a ministra Kátia Abreu (Agricultura), amiga da presidente, foi flagrada pela Folha enviando mensagens de celular nas quais assegurava que os seis ministros do PMDB não deixariam os cargos.

    Na conversa, a ministra dizia que ela e seus correligionários se licenciariam da legenda para apoiar Dilma e que tal decisão havia sido alinhavada na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

    Questionado, Renan negou. Disse que não havia se manifestado nem sobre a nomeação dos ministros nem sobre a exoneração. O estatuto do PMDB não prevê a licença de filiados. A sigla avisou que, com a opção pelo desembarque, os que contrariarem a norma estarão sujeitos ao Conselho de Ética.

    SINTONIA

    Na tentativa de afinar o discurso, os seis ministros do PMDB reuniram-se nesta quarta (30) com a presidente. Dilma pediu um diagnóstico sobre a possibilidade de inflar os números anti-impeachment da bancada e obteve um retorno pessimista.

    Ao menos três deixaram claro que o melhor seria a presidente usar seus cargos para atrair aliados. Dilma pediu reserva sobre a conversa e alguns dias para conseguir fechar uma estratégia.

    A presidente se reuniu à noite com seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, para tomar uma decisão.

    <div>NÃO SE VÁ</div> - <div>PT tenta evitar desembarque do governo; partidos discutem saída</div>

    No fim do dia, o desenho mais provável era que Mauro Lopes (Aviação Civil), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Marcelo Castro (Saúde) perdessem os postos.

    Em relação ao PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades), a intenção da presidente é reabilitar como ministro Guilherme Afif Domingos, que preside atualmente o programa Bem Mais Simples Brasil e o Sebrae. A pasta que será entregue não foi definida.

    A eficácia do "varejão" é vista com reserva. Diante da ofensiva, PP e PR avaliam decidir apenas no dia 11 de abril, véspera da votação do impeachment na Comissão Especial, se ficam no governo.

    Nas contas do Planalto, Dilma tem hoje 136 votos contra o impeachment e está em busca de um número maior para poder barrar o pedido de afastamento. (VALDO CRUZ, GUSTAVO URIBE, MARIANA HAUBERT, RANIER BRAGON, DÉBORA ÁLVARES, DANIELA LIMA, PEDRO LADEIRA)

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024