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    o impeachment

    'Tem que matar' e pisar na cabeça da jararaca, afirma vereador sobre Lula

    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    31/03/2016 11h03

    Era para ser uma sessão normal na Câmara Municipal de Araraquara. Até que começou a fala do vereador Roberval Fraiz, líder do PMDB na Câmara da cidade. Em discurso inflamado contra o ex-presidente Lula, Fraiz disse que "tem que matar", chama o petista de canalha e diz que ele "desonra o povo nordestino".

    "Com relação ao Jararaca, gostaria de dizer o seguinte: tem que matar, não tem que pegar no rabo dele, tem que matar ele [sic], tem que matar ele até dizer chega. Pisar na cabeça dele", disse na última terça-feira (22), em relação à metáfora usada por Lula após prestar depoimento à Polícia Federal no começo do mês –"se quiseram matar a jararaca, não fizeram direito, pois não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva".

    O vereador peemedebista continuou: "devia ter morrido. Em vez de o torno cortar o dedo, devia cortar a cabeça dele", disse ele enquanto batia no púlpito com uma cobra de brinquedo. "Me sinto realmente ofendido por essa víbora chamada Luiz Inácio Lula da Silva. Um covarde. Um hipócrita. Um canalha."

    A fala logo ensejou reações. O vereador Donizeti Simioni (PT) disse que o discurso "incita o ódio, a violência." "Quem condena no Brasil até hoje, quem manda prender e soltar, na minha concepção política e democrática, é a Justiça", afirmou, no discurso seguinte.

    'MAL INTERPRETADO'

    À Folha Fraiz disse nesta quarta (30) que foi mal interpretado. "Não tenho o rabo preso com ninguém e assumo tudo o que disse. Mas jamais incitei a violência contra a pessoa dele, é um ataque puramente político. Quando disse que desejava a morte, falei em morte politicamente. Sempre me baseei nos princípios éticos, morais, humanos. Jamais incitei violência."

    De acordo com o vereador, o discurso foi motivado pela conversa telefônica divulgada pela Justiça Federal no dia 16, entre Lula e a presidente Dilma Rousseff (PT), em que o ex-presidente diz haver um "parlamento acovardado". "Me senti ofendido. Queira ou não sou um parlamentar", afirma Fraiz.

    Ele acredita que deve enfrentar um processo no Conselho de Ética da Câmara, mas que ainda não foi notificado. E não teme uma ação na Justiça. "Se entrarem com um processo contra mim, eu entro com outro, porque me senti ofendido em ser chamado de acovardado".

    Fraiz foi três vezes eleito vereador suplente –em 2000, 2004 e 2008–, quando disputou os pleitos por PPB, PDT e PRB. Em 2012, quando se elegeu diretamente para a Câmara, já estava no PMDB.

    PMDB X PT

    Cidade a 273 quilômetros de São Paulo, Araraquara foi governada pelo atual ministro Edinho Silva (Comunicação Social) de 2001 a 2008. Desde 2009, o prefeito é Marcelo Barbieri, peemedebista histórico.

    Na Câmara, tem sido comum haver embates entre vereadores dos dois partidos, cada um defendendo as gestões de suas siglas. Fraiz é um dos que têm atacado o governo petista na Casa, apesar de a gestão de Edinho ter terminado há quase oito anos.

    INTOLERÂNCIA

    Já cenas de intransigências políticas têm se tornado quase que diárias pelo país. Nesta quarta, a Folha contou a história da pediatra gaúcha que se recusou a continuar o atendimento médico de uma criança de 1 ano porque a mãe dela é petista.

    O Conselho Regional de Medicina apura o caso e o Sindicato Médico do RS defendeu a postura da pediatra.

    Em São Paulo, na terça (29), o jornalista Juca Kfouri, colunista da Folha, foi alvo de ofensas por ter se posicionado contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

    Na semana passada, na terça (22), um grupo de manifestantes protestou em frente ao condomínio do ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), em Porto Alegre. Faixas com os dizeres "pelego do PT", "Teori traidor" e "deixa o Moro trabalhar" foram penduradas na fachada do prédio.

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