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    FHC diz que impeachment não é golpe, mas 'remédio constitucional'

    THAIS ARBEX
    DE SÃO PAULO

    31/03/2016 13h27

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    São Paulo, SP, Brasil. 16.03.2016. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante palestra dirigida ao mercado de seguro, no bairro de Moema, na zona sul da cidade. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress - Poder) ***EXCLUSIVO***
    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que impeachment é 'remédio constitucional'

    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirma que o impeachment da presidente Dilma Rousseff "é um remédio constitucional" e defende a continuidade e autonomia das investigações da Operação Lava Jato em um eventual governo Michel Temer, hoje vice-presidente da República.

    "Precisamos olhar o dia de amanhã. Não é só o processo de impeachment, mas o que vem depois. O preço de um acordo não pode ser acabar com a Lava Jato", afirma o tucano.

    O ex-presidente defende que, com a deposição de Dilma, haja um "grande consenso nacional", indicando que o PSDB participe do governo Temer, se colocando como "o partido da construção do futuro do país". Segundo ele, no entanto, para que a composição prospere, a Lava Jato tem de se manter intacta.

    "A Lava Jato é parte do processo democrático brasileiro. Ela vai continuar, mas dentro da regra. Se houver abusos, há tribunais de conter esses abusos, mas é importante que ela continue", afirma.

    Em vídeo gravado para o novo site do ITV (Instituto Teotônio Vilela), que entrou no ar nesta quinta-feira (31), FHC diz que o processo de deposição da presidente "não tem nada a ver com golpe" e, diante da "incapacidade do governo de governar" e de "flagrantes abusos que ferem a Constituição ", "infelizmente não resta outro caminho senão marcharmos para o impeachment".

    "Quando há apoio na sociedade, maioria no Congresso e base jurídica, vai para o impeachment", diz.

    Nesta quarta-feira (30), durante o evento de lançamento da terceira fase do Minha Casa, Minha Vida, a presidente Dilma Rousseff, reconheceu que o dispositivo do impeachment está previsto na Constituição Federal, mas ressaltou que pedir a perda de mandato presidencial sem crime de responsabilidade "é golpe".

    FHC também reafirma que o processo de impeachment é político, e não penal. "As pessoas que sofrem eventualmente impeachment não são criminosas, não têm penalidade, não se trata de um processo penal. É um processo político, da incapacidade demonstrada pelo governo de governar e, para tentar governar, infringir a constituição. É por isso que o PSDB deve marchar unido para o impeachment"

    O tucano diz ainda que, "por erros do governo petista", o país está vivendo "um momento dramático". "Por incapacidade e vontade de serem hegemônicos, de mandarem em tudo e não respeitar o outro, [eles] nos levaram ao caos que vivemos na economia e a essa indecisão na vida política."

    AÉCIO

    Embora o PSDB defenda um acordo político para dar sustentação a um eventual governo Temer, os tucanos ainda mantêm a confiança de que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pode cassar a chapa Dilma-Temer em 2017. O discurso do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), reafirma essa tese, ao projetar o PSDB no comando da Presidência da República.

    Também em vídeo gravado para lançamento do novo site do ITV, o senador afirma que o PSDB será "fundamental" e "terá papel decisivo" para que o Brasil supere "essa quadra trágica na qual o governo do PT nos mergulhou".

    "Nunca, nos 28 anos de história do PSDB, nosso papel foi tão decisivo para a história do Brasil, porque seremos nós, dentro de pouco tempo, que teremos a responsabilidade de fazer o Brasil voltar a crescer e reconciliar os cidadãos brasileiros com a nova política", diz Aécio.

    ITV

    O Instituto Teotônio Vilela, fundação do PSDB, lançou seu novo site na manhã desta quinta com a intenção de ampliar o diálogo com a sociedade. Segundo o presidente do ITV, José Aníbal, as manifestações que começaram em junho de 2013 mostraram que há uma dificuldade de os políticos escutaram as demandas sociais e de interagir, de fato, com a população.

    "Desde então, a sociedade está em ebulição. O mundo político tem acompanhado essas manifestações, mas não decorreu em nada", disse Aníbal. De acordo com ele, o portal "não será um instrumento para a disputa político-partidária cotidiana", mas sim, um espaço "para respaldar a ação política do PSDB em relação a questões que são, de fato, relevantes para o país".

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