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    Apontado como lobista da máfia das merendas em SP diz ser inocente

    MARCELO TOLEDO
    ENVIADO ESPECIAL A BEBEDOURO (SP)

    31/03/2016 17h33

    Filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa Leonel Julio (sem partido) e apontado como lobista na máfia da merenda, Marcel Julio se apresentou na tarde desta quinta-feira (31) à Polícia Civil de Bebedouro (a 381 km de São Paulo). Ao chegar ao local, ele disse ser inocente e negou ser o elo com contratos fechados com prefeituras.

    Segundo a polícia, Marcel é o lobista do esquema e elo da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) com a Assembleia, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e as prefeituras do interior paulista.

    O ex-deputado, que era do MDB quando presidiu a Assembleia nos anos 70, foi preso na segunda fase da operação Alba Branca, desencadeado na última terça-feira (29), junto com outras seis pessoas.

    A Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), com sede em Bebedouro, é apontada como a responsável pelo esquema conhecido como máfia da merenda.

    A operação Alba Branca apura o pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda escolar com o governo Alckmin e prefeituras de São Paulo.

    Marcel, que chegou à Delegacia Seccional de Bebedouro por volta das 16h, estava foragido desde 19 de janeiro. "Sou inocente, estou me apresentando por livre e espontânea vontade. Não fechei nada com prefeitura nenhuma", disse.

    Sobre estar foragido, disse que a lei "garantia" isso a ele.

    Seu pai prestou depoimento por cerca de quatro horas nesta quinta-feira (31) e o aguardava na Seccional, assim como seu advogado, familiares e um cachorro de estimação da família.

    Após prestar depoimento, deve ser encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) para fazer exame de corpo delito e, de lá, ir para a prisão.

    Com isso, sobe para oito o número de detidos na segunda fase da operação Alba Branca.

    Além do ex-deputado, outras duas pessoas que também foram presas já prestaram depoimento.

    Fraude da Merenda

    DESVIOS

    Segundo membros da operação, ao menos R$ 700 mil foram desviados entre 2013 e 2015 de 20 contratos efetivamente liquidados entre a Coaf e prefeituras, mas o montante pode chegar a R$ 2 milhões. As propinas variavam de 5% a 30% sobre os valores dos contratos.

    Para o Ministério Público, a apresentação de Marcel é essencial, já que ele é tido como peça-chave do esquema.

    O depoimento do ex-deputado começou por volta das 11h20 e foi concluído as 15h. O teor não foi revelado até o momento.

    As provas foram obtidas, segundo o Ministério Público, por meio de interceptações telefônicas, análise de documentos apreendidos na primeira fase e depoimentos.

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