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    o impeachment

    Se marqueteiro usou caixa 2, precisa explicar, diz Dilma

    VALDO CRUZ
    GRACILIANO ROCHA
    LEANDRO COLON
    DE BRASÍLIA

    01/04/2016 02h00

    A presidente Dilma Rousseff disse, em conversa com assessores nesta quinta-feira (31), que cabe ao marqueteiro João Santana explicar a informação de que ele recebeu dinheiro vivo da empreiteira Odebrecht e fez pagamentos, também em "cash", a prestadores de serviços da campanha da petista à reeleição em 2014.

    A Folha mostrou na edição desta quinta (31) que a Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato, investiga o possível uso de caixa dois na campanha de Dilma por meio de dinheiro não contabilizado repassado pela construtora.

    Dilma Rousseff diz que a contabilidade de sua eleição em 2014 foi toda oficial e declarada à Justiça Eleitoral e que, se João Santana fez uso de caixa dois como aponta a investigação da Operação Lava Jato, a responsabilidade é do seu então marqueteiro, hoje preso, e não de sua campanha.

    AFP
    El publicista de Dilma Rousseff y Lula da Silva, Joao Santana, está detenido en Curitiba
    El publicista de Dilma Rousseff y Lula da Silva, Joao Santana, está detenido en Curitiba

    O receio do governo, segundo assessores, é sobre a origem do dinheiro vivo entregue à mulher de Santana, Mônica Moura, pela construtora Odebrecht, de acordo com as investigações.

    A PF busca comprovar que os recursos seriam provenientes de pagamentos de propina obtidas por obras tocadas pela empresa em contratos com a Petrobras e outras estatais, como as do setor elétrico.

    Neste caso, o temor é que o dinheiro pode ter sido entregue pela construtora ao marqueteiro por orientação de alguém do PT, o que é a principal suspeita dos investigadores da Lava Jato.

    Em depoimentos de sua delação premiada, a secretária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares afirmou que negociou entregas de dinheiro vivo para emissários da Pólis, a empresa do marqueteiro.

    Só numa das planilhas, que foi "traduzida" pela delatora aos investigadores em Curitiba, há indicação clara de que João Santana e a mulher receberam, por meio de emissários, R$ 21,5 milhões logo depois do segundo turno da eleição de 2014.

    A suspeita de investigadores é que ao menos parte deste dinheiro, levantado pela Odebrecht junto a doleiros, foi usada para quitar dívidas de campanha da presidente Dilma em 2014.

    Presa desde fevereiro com o marido, Mônica Moura mudou de advogado em meados de março e passou a negociar um acordo de delação premiada. A delação ainda não foi fechada, segundo fontes com acesso à negociação.

    Nem a assessoria do marqueteiro e de sua mulher nem seus advogados quiseram se manifestar sobre o caso. A Odebrecht também não comentou as informações.

    REPERCUSSÃO

    O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) afirmou que os indícios de uso de caixa dois na campanha de reeleição da presidente agravam ainda mais a situação política da petista, que luta para conter a abertura de um processo de impeachment na Câmara. O tucano defende que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) amplie e acelere as investigações em torno da campanha presidencial de 2014. As apurações, se comprovadas, poderiam levar à cassação do mandato da chapa Dilma-Temer.

    Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy, os novos indícios de caixa dois "impactam de forma muito intensa" o processo de impeachment. Paulo Teixeira (PT-SP), vice-líder do partido na Câmara, discorda dizendo que essa questão é "estranha à denúncia" em tramitação na Casa, que se centra nas chamadas pedaladas fiscais.

    O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse não acreditar em contribuições ilegais para custear a campanha de Dilma em 2014.

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