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    Lava Jato

    análise

    Velhos fantasmas ressurgem para reforçar petrolão

    FÁBIO ZANINI
    EDITOR DE "PODER"

    01/04/2016 11h31

    A Operação Carbono 14, nova fase da Lava Jato, uniu os três maiores escândalos que envolveram o PT e seus principais dirigentes neste século: o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André, em 2002, o mensalão, em 2005, e o petrolão de agora.

    Os petistas preferem ver os casos como estanques, cada um com sua própria lógica e narrativa. O PT, forçado pelas circunstâncias de cada momento, reconhece alguns erros, mas se vê vítima de uma reiterada campanha de difamação, em que o único ponto em comum é a tentativa de destruir o partido e seus governos. Não conseguiram na morte de Daniel, tentaram de novo no mensalão e agora voltam à carga com a Lava Jato, reza o credo petista.

    O que a nova operação da Lava Jato faz é criar uma nova história. Há sólidas evidências de que não existem três casos isolados, mas um único enredo de corrupção e apropriação do Estado em que o modus operandi se prolonga no tempo. Personagens se reencontram e pulam de um escândalo para outro.

    Isso já havia sido verificado em parte com as prisões do ex-ministro José Dirceu, primeiro no mensalão, agora no petrolão. Mas o que a nova operação revela é algo maior. O ainda inexplicado assassinato de Celso Daniel, na época coordenador do programa de governo do candidato Lula, retorna como o fato fundador da associação do PT à criminalidade pesada.

    O empresário Ronan Maria Pinto, personagem de proa àquela época, é apontado como destinatário de R$ 6 milhões de um empréstimo fraudulento do Banco Schahin, articulado por um amigo de Lula, para não contar o que sabe sobre o assassinato. Silvio Pereira e Delúbio Soares, dois dos protagonistas do mensalão, novamente voltam à berlinda como facilitadores dessa operação. Marcos Valério de Souza, o operador do esquema de financiamento ilegal que quase derrubou Lula naquela época, corrobora a operação para silenciar Ronan.

    Para a presidente Dilma Rousseff, às vésperas de uma dura votação sobre seu impeachment, e para Lula, pessoa muito próxima de vários dos implicados nos diversos escândalos, o cenário não poderia ser pior. Velhos fantasmas adormecidos ressurgem para reforçar as suspeitas de agora. Para o PT, o 1º de abril de 2016, excepcionalmente, pode ser chamado não de Dia da Mentira, mas dos Mortos, ou das Bruxas.

    Cronologia dos escândalos

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