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    Lava Jato

    Lava Jato questiona testemunhas sobre morte de Celso Daniel

    FELIPE BÄCHTOLD
    DE SÃO PAULO

    01/04/2016 17h10

    Embora os investigadores da Lava Jato neguem que a morte do prefeito Celso Daniel seja o foco da fase Carbono 14, deflagrada nesta sexta-feira (1º), os procuradores perguntaram diretamente a testemunhas sobre o envolvimento da cúpula petista no caso.

    Um dos ouvidos foi um irmão de Celso Daniel, que faz acusações contra o PT desde a época do mensalão. O prefeito de Santo André foi morto em janeiro de 2002, em um crime nunca esclarecido.

    Em depoimento do doleiro Enivaldo Quadrado, tomado em janeiro, os procuradores o questionaram diretamente se ele sabia de algo que envolvesse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho na morte. Quadrado respondeu que não.

    Também em janeiro, Bruno José Daniel, irmão do prefeito, prestou depoimento e voltou a fazer acusações contra Gilberto Carvalho. Disse que, após a morte, Carvalho, à época secretário municipal em Santo André, contou que carregava "dinheiro de propina a José Dirceu" para campanhas eleitorais e que "morria de medo" de carregar recursos em espécie.

    Para o irmão do prefeito, aquela declaração era uma forma de desencorajar a família a investigar os fatos que envolviam a morte para não macular a biografia do prefeito.

    Bruno José Daniel também afirmou que foi encontrado no apartamento do prefeito um "pré-dossiê", escrito por Carvalho, com informações sobre o "enriquecimento de várias pessoas da prefeitura".

    O irmão também disse que nada sabe sobre a suposta extorsão que o empresário Ronan Maria Pinto teria feito contra Lula, Carvalho e Dirceu.

    À CPI dos Bingos, em 2005, Bruno José Daniel já tinha feito acusações contra os ex-ministros. Carvalho disse em depoimento à época que se encontrou com a família cinco vezes apenas para tratar das investigações. Também disse que não levava dinheiro para Dirceu e que não era "mula".

    Também afirmou que o crime tinha sido comum e não político.

    OUTRO LADO

    A assessoria de Gilberto Carvalho informou que "ele não participou de nenhuma negociação com Ronan Maria Pinto, conforme evidências apontadas" e que ele não teve conhecimento da operação envolvendo a compra do jornal.

    Sobre a morte de Celso Daniel, a assessoria de Carvalho disse que o PT, desde o início, "teve o máximo interesse no esclarecimento dos fatos". Acrescentou que a investigação do caso esteve sob comando da Polícia Federal do tucano Fernando Henrique Cardoso e da Polícia Civil do tucano Geraldo Alckmin. "A morte de Celso Daniel representou a perda de um grande companheiro e um excelente quadro político", informou.

    Cronologia dos escândalos

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