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    o impeachment

    Nova ação da Lava Jato não bloqueia negociações no Planalto

    MARIANA HAUBERT
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    01/04/2016 20h19

    Apesar de ter levado preocupação para o Palácio do Planalto, a mais recente fase da operação Lava Jato não foi suficiente para desestabilizar as negociações em curso realizadas entre o governo e alguns partidos da base aliada como forma de garantir apoio contra o impeachment na Câmara dos Deputados.

    A avaliação é de que o objetivo de alterar o cenário político já está escancarado pela operação e, mesmo tendo potencial para desestabilizar as conversas, não paralisou o governo por enquanto. A ordem é continuar resolvendo "um problema por vez". Ainda assim, há um temor latente de que futuras denúncias possam por tudo a perder às vésperas da votação do impedimento de Dilma, que deve acontecer por volta de 17 de abril.

    Deflagrada nesta sexta (1º), a Operação Carbono 14 apura a suspeita do uso de recursos da Petrobras para pagamento de suborno a pessoas que teriam envolvimento na trama do assassinato de Celso Daniel (PT), prefeito de Santo André, em 2002.

    Silvio Pereira foi preso temporariamente nesta sexta sob acusação de ter recebido pagamentos das empreiteiras OAS e UTC, que somam R$ 500 mil, na conta bancária de uma de suas empresas. Segundo a Procuradoria, os pagamentos eram uma "mesada" para Silvinho não delatar possíveis fatos ilícitos que tivesse conhecimento envolvendo o PT.

    O dono do "Diário do Grande ABC" Ronan Maria Pinto também foi levado para Curitiba. O nome do jornalista aparece ligado ao caso Celso Daniel.

    A Lava Jato já vinha chegando perto do assunto havia meses. Em depoimento à Lava Jato no fim do ano passado, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, confessou que destinou parte de recursos de um empréstimo fraudulento a Ronan Maria Pinto, que teria pedido R$ 6 milhões para não contar o que sabia sobre caixa dois do PT e a relação desses recursos com o assassinato do então prefeito de Santo André.

    Já o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o jornalista e diretor editorial do site "Opera Mundi", Breno Altman foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento.

    O PT teme que Silvio, conhecido como Silvinho, possa "falar qualquer coisa", mesmo o que não sabe", se for submetido a muita pressão. Em 2003, ele detinha a lista de todos os ocupantes de cargos da Esplanada dos Ministérios e seus padrinhos políticos. Desde o mensalão, ele tem rompantes e envia recados ao comando do partido.

    De acordo com a Lava Jato, Silvinho recebeu pagamentos das empreiteiras OAS e UTC, que somam R$ 500 mil, na conta bancária de uma de suas empresas.

    Os ministros mais próximos à presidente Dilma Rousseff, Jaques Wagner (Gabinete Presidencial) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) também evitaram comentar as prisões e, segundo interlocutores, a ordem é não levar a crise para dentro do Planalto porque a investigação gira em torno do PT, que, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são vistos como os principais alvos da Lava Jato.

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