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    operação lava jato

    Delúbio liga empréstimo do Banco Schahin à campanha de Campinas

    BELA MEGALE
    FELIPÉ BACHTOLD
    DE SÃO PAULO

    04/04/2016 16h06

    Joel Rodrigues - 30.set.14/Folhapress
    O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenado no mensalão, que pediu perdão da pena
    O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenado no mensalão, que pediu perdão da pena

    Em depoimento à Policia Federal, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares afirmou que o empréstimo de R$ 12 milhões adquirido pelo pecuarista José Carlos Bumlai, em 2004, junto ao Banco Schahin "remonta à campanha municipal eleitoral de Campinas (SP)".

    Preso em outubro na Operação Lava Jato, Bumlai confessou que o valor foi direcionado ao PT e teve a quitação simulada.

    O petista contou que foi procurado pelos marqueteiros do candidato à prefeitura da Campinas em 2004, Dr. Helio de Oliveira Santos, do PDT, que disputou o segundo turno contra o candidato tucano Carlos Sampaio. Eles pediram a Delúbio apoio financeiro de R$ 5 milhões. O ex-tesoureiro disse em depoimento, porém, que não dispunha do recurso.

    "O declarante lhe disse que conseguiria o apoio de cerca de 70% do PT à candidatura do Dr. Hélio, mas os publicitários disseram que gostariam de um apoio financeiro, cerca de R$ 5 milhões, ocasião em que o declarante disse que o partido não dispunha de recursos; que então os publicitários perguntaram se ele poderia 'arranjar' tais recursos por conta própria, ao que o declarante não opôs qualquer óbice", disse no depoimento.

    Após essa conversa, que aconteceu na sede do PT nacional, em São Paulo, segundo Delúbio, o então presidente do banco Schahin Sandro Tordin o procurou com os publicitários da campanha do Dr. Helio perguntando se a eleição de Campinas era de interesse do PT. Ele respondeu que sim, mas enfatizou que nessa reunião não foi falado sobre valores e nem sobre o empréstimo de R$ 12 milhões adquirido por Bumlai, segundo disse à PF. "Desconhecia que Sandro [Tordin] ou o Banco Schahin iriam realizar qualquer empréstimo por conta dessa conversa".

    O petista disse que só soube do empréstimo de R$ 12 milhões recentemente devido às notícias veiculadas na imprensa.

    A versão de Delúbio contesta os depoimentos do pecuarista José Carlos Bumlai, do ex-presidente do Banco Schahin Sandro Tordin e de Salim Schahin, que afirmaram à PF e a procuradores da Lava Jato que Delúbio representou interesses do PT na aquisição do empréstimo e que chegou a se reunir com executivos do banco para falar sobre o assunto.

    Segundo investigadores, o grupo Schahin foi compensado com o contrato para operar o navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, que está em vigência até hoje.

    O ex-tesoureiro também disse que conheceu o ex-marqueteiro Marcos Valério, condenado no mensalão, por volta de 2002, "por conta de assuntos do Partido dos Trabalhadores", já que ele prestou serviços publicitário para algumas campanhas da sigla.

    Sobre Bumlai, afirmou que o conheceu na campanha do [ex-governador do Mato Grosso do Sul] Zeca do PT, por volta de 1998, e que é apenas um "conhecido". Relatou que Bumlai era um empresário do Estado apoiador de Zeca e passou a ser apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente, em 2002.

    EMPRÉSTIMO DE JORNALISTA

    Outro alvo de mandado de condução coercitiva na fase Carbono 14 da Lava Jato, o jornalista Breno Altman, confirmou em depoimento que emprestou um total de R$ 45 mil ao doleiro Enivaldo Quadrado, que foi condenado no processo do mensalão.

    Altman afirmou que é amigo de Quadrado desde os anos 90, quando o doleiro deu dicas de como obter crédito, e que concedeu a ele um empréstimo porque o viu "em dificuldades financeiras".

    O jornalista, que é próximo a José Dirceu e à cúpula do PT, negou versão apresentada pela contadora Meire Poza, que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef, e disse que nunca repassou dinheiro a ela para ajudar Quadrado.

    O empréstimo, disse no depoimento, seria quitado em um prazo de três anos.

    Segundo Altman, a quantia emprestada pertencia a ele mesmo e não tinha relação com o PT. O jornalista disse ainda desconhecer detalhes de outros assuntos investigados nessa fase da operação, como o empréstimo a Bumlai e a suposta chantagem de Ronan Maria Pinto contra o partido.

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