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    Justiça manda prender ex-governador de Roraima

    CAMILA DALL'AGNOL
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BOA VISTA

    04/04/2016 17h19

    Pela terceira vez neste ano, o ex-governador de Roraima Neudo Campos (PP) teve um mandado de prisão expedido contra ele. Agentes da Polícia Federal estiveram na manhã desta segunda-feira (4) em propriedades do ex-governador em Boa Vista e outros dois municípios de Roraima.

    Marido da atual governadora de RR, Suely Campos (PP), Neudo não foi encontrado e é considerado foragido. Foram quatro mandados de busca e apreensão na operação batizada de 2003.2, que também conduziu coercitivamente funcionários de Campos à sede da PF.

    O mandado de prisão expedido pela Justiça Federal se baseia na condenação em segunda instância em que o ex-governador é apontado como o coordenador do suposto esquema chamado Gafanhoto, que, segundo as investigações, fraudava a folha de pagamento do Estado.

    Saulo Cruz/Agência Câmara
    Dep. Neudo Campos (PP-RR)
    O ex-governador de Roraima Neudo Campos (PP)

    Além disso, de acordo com o delegado da PF Marcos Ribeiro, a ação desta segunda visa "esclarecer um possível vazamento de informações sigilosas". Em janeiro e fevereiro, a Justiça decretou a prisão de Neudo que, como hoje, não foi encontrado. Para a polícia "há fortes indícios de que houve vazamento de informações sigilosas".

    Ainda de acordo com a PF, o inquérito será concluído em 30 dias. O nome da operação remete ao ano da operação Praga no Egito, deflagrada em 2003, que prendeu Neudo e diversas autoridades envolvidas no esquema da folha de pagamento.

    Em nota, o governo disse que "a chefe do Executivo Estadual não tem qualquer relação com os fatos investigados, nem é parte no processo", acrescentando que as investigações em nada afetam a governabilidade.

    Apesar da declaração, Neudo foi consultor especial do governo Suely até fevereiro passado. Ele deixou o cargo após pedido de prisão contra ele.

    Desde que assumiu o governo, aliás, a mulher de Neudo Campos nomeou vários parentes: ao menos 12, como a Folha já mostrou.

    A reportagem entrou em contato com os advogados de Neudo, que preferiram "não emitir declarações sobre o assunto até que sejam notificados oficialmente".

    GAFANHOTOS

    Desarticulado em 26 de novembro de 2003 em Roraima, o esquema de corrupção consistia na contratação de mais de 6.000 funcionários fantasmas que repassavam seus salários para autoridades ou laranjas.

    Estima-se o desvio de mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos em Roraima. Neudo Campos foi condenado à perda dos direitos políticos durante oito anos, perda de cargos públicos, impossibilidade de contratação com o poder público, e ao pagamento de multa de R$ 3.300 por desvio de dinheiro dos cofres públicos no período de 1995 a 2002.

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