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    Lava Jato

    Lava Jato aponta que Delúbio recebeu de empresa ligada a petista

    FELIPE BÄCHTOLD
    DE SÃO PAULO

    06/04/2016 02h00

    Pedro Ladeira - 12.mai.2014/Folhapress
    Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT condenado no mensalão, deixa a sede da CUT
    Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT condenado no mensalão, deixa a sede da CUT

    Uma empresa que pertence a um ex-diretor da CUT e que recebeu recursos do Instituto Lula foi a principal fonte de recursos do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares no período pós-mensalão.

    Segundo dados da quebra de sigilo do ex-tesoureiro, nos anos de 2007 a 2013, ele recebeu um total de R$ 235,4 mil da empresa Mil Povos Consultoria Ltda, que está no nome de Kjeld Jakobsen, ex-secretário municipal de São Paulo, ex-diretor da central sindical e atual diretor da Fundação Perseu Abramo, que é ligada ao PT.

    Entre os anos de 2010 a 2012, Delúbio recebia uma quantia que equivalia a R$ 3.990 mensais. Os dados estão em documento anexado a inquérito da 27ª fase da Operação Lava Jato, na qual ele foi alvo de mandado de condução coercitiva.

    A Mil Povos Consultoria já tinha aparecido em outra quebra de sigilo da Lava Jato, que abordava as finanças do Instituto Lula, investigado na 24ª fase da operação. De 2012 a 2014, a empresa de Jakobsen esteve na lista de beneficiários de pagamentos da entidade do ex-presidente, com um total recebido de R$ 162,5 mil.

    Nos registros formais da empresa, consta sua atividade como "consultoria em gestão empresarial".

    A quebra de sigilo mostra que os pagamentos continuaram quando Delúbio já tinha sido julgado pelo Supremo Tribunal Federal no mensalão.

    EMPRESA HOLANDESA

    A segunda maior fonte de recursos do ex-tesoureiro foi a empresa Crown Holding e Aquisições, que pagou a ele R$ 214,3 mil de 2009 a 2011.

    A Crown Holding está registrada em Minas e é controlada por José Antônio Soares Pereira Júnior, que também chegou a ser mencionado no caso do mensalão.

    Uma das CPIs que investigaram o caso apontou que ele recebeu R$ 21,9 mil do publicitário Marcos Valério, pivô do esquema. A firma também está ligada a uma outra empresa, com sede na Holanda, a Templar Investments.

    O relatório da quebra de sigilo, feito pela Receita Federal, também chama a atenção para a movimentação de recursos de Delúbio em 2014. Naquele ano, ele recebeu a R$ 1,2 milhão de doações de pessoas físicas e declarou o valor como sendo da campanha de arrecadação para pagamento da multa imposta pelo Supremo.

    Segundo o documento da Receita, não foram informados os nomes de doadores de 23% da quantia. Uma "sobra" de R$ 155 mil dessas doações foi depositada em uma poupança. O relatório da Receita aponta ainda que Delúbio fez duas doações para colegas condenados –R$ 143 mil para o ex-ministro José Dirceu e R$ 390 mil para o ex-deputado João Paulo Cunha.

    Ao investigar outro alvo da 27ª fase envolvido no mensalão, o ex-secretário do PT Silvio Pereira, o Ministério Público Federal levantou suspeitas de pagamentos a ele como um "cala boca".

    OUTRO LADO

    Procurado, o Instituto Lula informou que a Mil Povos Consultoria presta "serviços de assessoria em relações internacionais" em projetos da entidade voltados para a integração da América Latina. O instituto disse ainda que Delúbio Soares não participou da prestação de serviços.

    A Folha procurou Kjeld Jakobsen, que não quis se manifestar. A reportagem também procurou os advogados do ex-tesoureiro, que não ligaram de volta.

    José Antônio Soares Pereira Júnior não foi encontrado.

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