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    o impeachment

    Ao lado de Lula, artistas e intelectuais lançam manifesto contra 'golpe'

    LUCAS VETTORAZZO
    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    11/04/2016 20h12

    Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Divulgação
    O ex-presidente Lula cumprimenta o compositor Chico Buarque durante ato contra o impeachment no RJ
    O ex-presidente Lula cumprimenta o compositor Chico Buarque durante ato contra o impeachment no RJ

    Artistas e intelectuais lançaram, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um manifesto contra a "ameaça à democracia" que representa, segundo eles, o possível impeachment da presidente Dilma Rousseff.

    O documento foi lido pelo escritor Eric Nepomuceno no palco da Fundição Progresso, na Lapa, no centro do Rio.

    "O que vivemos hoje no Brasil é uma clara ameaça a algo conquistado a duras penas: a democracia. Uma democracia ainda incompleta, mas que soube, nos últimos anos, avançar de maneira decidida na luta contra desigualdades e injustiças na eterna tentativa de transformar este país na casa de todos e não de uns poucos privilegiados. Nós, trabalhadores das artes e da cultura, estamos unidos na defesa da democracia. Somos integrantes das mais diversas opções ideológicas, políticas e eleitorais, mas nos une, acima de tudo, a defesa da democracia."

    O documento é assinado por artistas e intelectuais como Chico Buarque, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Leonardo Boff, José Celso Martinez Corrêa, também presentes ao ato.

    Lula foi ovacionado pelas cerca de 2.000 pessoas presentes ao ato, segundo a direção da Fundação Progresso. Militantes entoaram o coro "Lula ladrão, roubou meu coração" assim que o ex-presidente apareceu. Também cantaram "Olê olá Lula" e "Lula guerreiro do povo brasileiro". Havia expectativa de um discurso do petista, o que não ocorreu até a publicação deste texto.

    Os discursos misturaram defesa do mandato da presidente com cobranças a Dilma.

    O ator Gregorio Duvivier disse que o ato não era um ato de adesão ou apoio ao governo. Ele afirmou não ser um eleitor de Dilma, mas defendeu sua permanência. "A mensagem não é 'Dilma, fica'. É 'Fica e melhora'."

    Na mesma linha, o ator Wagner Moura disse, em vídeo exibido na casa de shows, não achar que Dilma seja "uma presidente extraordinária".

    "Eu nunca votei nela. Mas 54 milhões de outras pessoas votaram", disse o ator. Para ele, a democracia brasileira é frágil, mas avançou devido a políticas dos governos Lula e Dilma.

    "O que acontece hoje é uma tentativa clara de retrocesso da democracia brasileira. Em 2012 houve um golpe no Paraguai. Não é paranoia brasileira. Tenho orgulho de dizer que a minha geração, assim como a de 1964, não está se omitindo".

    O cineasta Luiz Carlos Barreto afirmou que "temos que prestar muita atenção no movimento [da oposição]". Segundo ele, os pedidos de impeachment são para impedir que Lula seja candidato em 2018.

    "Não é passeata de 3 milhões que vai apagar o voto de 54 milhões de brasileiros. O impeachment não é apenas uma perda politica. É uma perda moral. O que está em jogo não é o mandato de uma presidente, e sim o estado democrático de direito. Os golpistas têm um pulo do gato, que é tentar fazer com que Lula seja eleito ou até concorra em 2018. Eles voltarão à carga e devemos estar prontos para responder a altura".

    A líder indígena Sônia Guajajara criticou governo mas se posicionou contra impeachment. Enquanto discursava, militantes puxaram o grito "Fora, Kátia Abreu", atual ministra da Agricultura, do PMDB.

    "Nós, indígenas, sabemos o que é opressão. O avanço está longe de ser o que esperávamos deste governo. Ele errou! Queremos a demarcação de nossas terras. Mas a situação que se instala hoje pode ser pior", afirmou.

    O dramaturgo Aderbal Freire Filho afirmou que quem quer o impeachment é a oposição derrotada nas urnas.

    Ele defendeu que quem peça a "renúncia" seja o senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado na última eleição presidencial. "Aécio, cara, renuncie à Presidência que você não ganhou"

    Do lado de fora da casa de shows, militantes também se reúnem sob os Arcos da Lapa, em frente ao palco montado pela Frente Brasil Popular.

    Ativistas estenderam cartazes de apoio à presidente Dilma no alto dos arcos, onde passava o bondinho de Santa Teresa, atualmente desativado. Policiais militares retiraram as faixas, sob vaias, por volta das 17h40.

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