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    o impeachment

    Votar em comissão contrariaria minha consciência, diz deputado do PSB

    ANA LUIZA ALBUQUERQUE
    DA EDITORIA DE TREINAMENTO

    13/04/2016 12h02 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Contrário ao impeachment, o deputado Bebeto Galvão (PSB-BA) defende que, caso a presidente Dilma Rousseff tenha seu mandato interrompido por causa das pedaladas fiscais, a Câmara toda deveria ser cassada.

    Na votação da comissão, na segunda (11), Bebeto deu lugar a um suplente para não ser obrigado a seguir a orientação do seu partido e votar a favor da abertura do processo.

    Em entrevista à Folha, o deputado confirmou que votará contra o impeachment no domingo (17), quando deve acontecer o pleito geral. Nessa ocasião, o PSB não limitará o posicionamento de seus parlamentares.

    Divulgação
    Deputado federal Bebeto Galvão (PSB-BA)
    Deputado federal Bebeto Galvão (PSB-BA)

    *

    Folha - Por que o senhor escolheu ser substituído, em vez de votar contra a abertura do processo?

    Bebeto Galvão - Se a representação era partidária, não me restava alternativa a não ser declinar. Ao contrariar a decisão partidária, você pode infringir o estatuto. Poderia ser passível, inclusive, de perda de mandato.

    [No entanto,] avaliei que não havia a tipificação clara do crime [de responsabilidade fiscal]. Ou eu contrariaria a decisão partidária ou a minha consciência democrática.

    O senhor acha que a decisão prejudica sua posição no PSB?

    Não. O partido não trabalha com retaliações, tem respeito às posições internas. No meu caso, não tem do que o partido ter vergonha ou temor. Deveríamos temer, sim, um partido com características antropomorfas, de caciques.

    A decisão teve a ver com sua boa relação com o ministro-chefe do gabinete da Presidência, Jaques Wagner?

    Não tem a ver com Jaques Wagner ou Dilma, mas com a minha consciência democrática. Formei um juízo de valor independente de quem seja.

    No domingo, o senhor aparecerá para votar? Qual será seu voto?

    Estarei presente e não tenho dúvidas de que minha posição será contrária, dado ao que pude acompanhar e observar nesse processo, que é uma profunda ausência de dados substantivos.

    Os contornos políticos desse impedimento, a baixa popularidade, inflação, desemprego, não constituem crime. Como vou julgar alguém só em função do conjunto da obra? Minha tendência é votar contra e não há chance de mudar.

    O senhor ficou surpreso com a posição favorável do PSB à abertura do processo de impeachment?

    Com a evolução da crise política, econômica e social, o partido e sua direção também foram evoluindo e o presidente disse que mudaria definitivamente para a oposição.

    Chocou a todos porque não tivemos um longo debate político interno quando ele deu essa declaração. Me deixou surpreso em relação a alguns pontos da declaração, que respeitamos mas debatemos internamente.

    Uma das coisas que achei fora do tom é que dos 12 anos de governo [do PT], o PSB participou de dez. Não podemos negar o que ajudamos a construir de bom ou o que enfrentamos de ruim.

    Qual a sua opinião sobre as pedaladas fiscais? Elas caracterizam crime de responsabilidade fiscal?

    Mais do que dizer que era tomada de empréstimo, era decorrência direta de contratos. Se [a Dilma] perder o mandato, cassa todos os deputados. Se votamos o PLN 5/15 e dissemos que a meta fiscal se alteraria...

    A presidente não fez com as mãos dela a alteração da meta fiscal, quem fez foi o Congresso. A Câmara [dos Deputados] não foi corresponsável por isso?

    Como o senhor vê a possibilidade de novas eleições apenas para a Presidência? E de novas eleições gerais?

    Ninguém diz "vamos tirar Dilma e queremos [Michel] Temer". Dilma e Temer geraram a crise.

    Ambos poderiam ter a iniciativa de, se a crise continuar em 30 dias, renunciar e convocar novas eleições para a Presidência, que é o que o povo quer. Concordo com novas eleições gerais, para tudo.

    Fazer eleição para presidente com o Congresso desse jeito, poderíamos entrar na mesma roda viva.

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