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    o impeachment

    Temer terá todo nosso apoio, diz Roberto Jefferson ao reassumir PTB

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    14/04/2016 12h18

    Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Folhapress
    O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) no programa Roda Viva da TV Cultura, em São Paulo, na noite desta segunda-feira (11)
    O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ)

    Recém-conduzido à presidência nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ) afirmou nesta quinta-feira (14) que o partido integrará um eventual governo comandado pelo hoje vice-presidente Michel Temer (PMDB). Ele negou já ter negociado cargos com o peemedebista mas garantiu que o Temer precisar do PTB, ele terá.

    "Já somos a base do governo dele porque daremos todo o apoio institucional e parlamentar para que seja um sucesso esse governo de conciliação com o Brasil. Mas não queremos levar a conversa para a rés do chão agora. Esse voo de galináceo, poeirento, por carguinho, eu não quero fazer agora. O que ele precisar de nós, ele terá", disse.

    Em seu retorno à vida pública após ter cumprido pena por ter sido condenado no esquema do mensalão, Jefferson apresentou um discurso enfatizando que já pagou o que devia à sociedade e agora volta sem ressentimentos.

    "Muitas vezes a sentença judicial não faz a coisa julgada ser efetiva. O coração, às vezes não se desliga, não é imediato. Durante muito tempo eu fiquei com aquilo remoendo. Eu fui um grande deputado. Mas agora, emocionalmente, a sentença transitou em julgado. Passou. Me libertei", disse aos seus correligionários.

    Em 2005, ele deu início à maior crise do governo Lula ao denunciar o esquema do mensalão em uma entrevista à Folha. Com as investigações, ele teve o mandato cassado e foi condenado pelo STF em 2012 a sete anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por participação no esquema que desviou recursos públicos para abastecer a compra de apoio político no Congresso no início do governo Lula. O Supremo, no entanto, concedeu o perdão da pena do petebista em 22 de março deste ano.

    Jefferson foi reconduzido ao comando do partido nesta quinta. Defensor do impeachment, ele disse acreditar que seu retorno acontece por uma "coincidência histórica". "Vejo aqui a mão de Deus. Pude voltar ao campo de luta depois de ter iniciado esse processo ha uma década atrás. Voltei para o campo de luta e estou feliz de poder gritar bem alto ao lado do povo brasileiro que a nossa bandeira jamais será vermelha. Vencemos", disse.

    Para o petebista, os governos do PT erraram por terem se envolvido tão profundamente com esquemas de corrupção. "Há uma falência moral do governo. Nunca na história desse país se roubou tanto. nunca teve notícia de tanta corrupção, de tanto desatino, de tanto desmando. Chega, o povo não quer mais", disse.

    "Sejamos magnânimos porque essa batalha nós vencemos e ninguém negará ao PTB nessa história. Ninguém vai negar que o PTB escreveu o prefácio, a história e assina o epílogo agora do último capítulo que vai ao ar no domingo", completou.

    Jefferson afirmou ainda que perto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Fernando Collor de Mello é "um menino de procissão". Em 1992, Collor deixou a Presidência da República por ter sido envolvido em um esquema de corrupção. Na época, Jefferson foi um dos que defendeu Collor no Congresso.

    Questionado se reconhecia ter defendido um governo corrupto, o petebista tergiversou. "Tinha um Fiat Elba. Ninguém é perfeito". "Mas eu quero dizer que o Collor perto do Lula é um menino de procissão. Ele tinha um tesoureiro, o PC Farias, que foi preso e depois morreu. Eu já perdi a conta de quantos tesoureiros do PT já foram para a cadeia. Não dá para comparar", disse.

    Em seu discurso, o petebista afirmou ainda que não voltará a disputar eleições e que quer agora se dedicar ao comando do partido. Ele garantiu que quatro deputados da legenda votarão a favor do governo, contrariando a posição oficial do partido, mas garantiu que eles não serão punidos. Jefferson disse ainda que o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) permanecerá no cargo se quiser.

    CERIMÔNIA

    Jefferson recebeu o comando da legenda das mãos da deputada Cristiane Brasil (RJ), sua filha. Fortemente saudado por seus correligionários, ele chegou animado ao evento. Ao ser anunciado, subiu ao palco montado para receber os principais dirigentes da sigla dando socos no ar, imitando um gesto comum entre boxeadores. Antes, ele falou que "não guarda ressentimento" do ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva. "Já passou", disse.

    Ele foi classificado por alguns presentes como um "herói nacional", "um homem com nervos de aço" e a "imagem e alma do PTB". No salão do evento, fotos do ex-deputado traziam a hashtag "#eu voltei".

    "Ele volta ao comando do partido em um momento oportuno. Quem começou essa luta pela deposição do PT em 2005 foi ele, meu pai, sozinho. Faca na boca, machadinho na mão. Ele merece voltar à cena do teatro político no epílogo do PT no governo central", afirmou Brasil.

    "Você volta ao lugar em que você deve estar. Você sempre teve o respeito de todo o partido, mesmo diante de todas as dificuldades e situações que passou. Os astros se alinharam de uma forma que o trazem de volta neste momento simbólico", completou o deputado Jovair Arantes (GO), relator do processo de impeachment na comissão especial da Câmara, que aprovou o caso.

    Na semana passada, o petebista foi à Câmara dos Deputados pela primeira vez desde que foi libertado. Ele chamou o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de "herói" e defendeu o impeachment de Dilma. Ele também visitou o vice-presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, e prometeu apoiar um eventual governo comandado pelo peemedebista. Nesta quinta, ele afirmou que a presidente "já é uma carta fora do baralho".

    IMPEACHMENT

    Na reunião da executiva nacional que reconduziu Jefferson ao comando do partido, a sigla também fechou posição oficial pelo impeachment de Dilma Rousseff. A bancada da Câmara já havia se posicionado pela saída da petista. No encontro, a deputada Cristiane Brasil sinalizou que os deputados que votarem com o governo não serão punidos.

    "Vamos respeitar com muito carinho a posição contrária de um grupo de parlamentares que, por razões próprias não poderá votar sim pelo impeachment", disse. Segundo Jefferson, o partido deve garantir 15 votos pelo saída da petista.

    No evento, os participantes receberam Pixulekos infláveis e um homem vestido com a roupa do boneco, que imita Lula vestido como um presidiário, circulou entre os presentes.

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