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    o impeachment

    Dilma é aconselhada a 'refundar' governo ou propor novas eleições

    VALDO CRUZ
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    14/04/2016 20h45

    Na hipótese, reconhecida como difícil pelo próprio Palácio do Planalto, de barrar o impeachment no domingo (17), a presidente Dilma Rousseff está sendo aconselhada a avaliar dois caminhos no dia seguinte: refundar seu governo, com todos os ministros apresentando sua carta de demissão, ou propor a convocação de novas eleições para presidente e vice-presidente, conforme o Painel antecipou nesta segunda (11).

    As duas propostas são defendidas internamente no governo por ministros e assessores da petista diante da avaliação de que, mesmo ganhando, as condições de governabilidade da presidente Dilma Rousseff serão muito complicadas e frágeis.

    Na primeira, todos os ministros apresentariam sua carta de demissão já na segunda-feira (18), liberando a presidente Dilma para remontar seu governo na busca de reconquistar credibilidade tanto junto ao mercado, empresários, trabalhadores e Congresso Nacional.

    A ideia já foi apresentada à própria presidente Dilma por ministros e deve ter seu apoio exatamente para fazer um processo de "refundação" do seu governo, com mudanças, se possível, até na área econômica. "A presidente precisa de um choque de credibilidade se ganhar", disse um interlocutor da petista.

    Outra corrente dentro do governo, porém, avalia que o melhor caminho seria a presidente Dilma, dentro de sua proposta de pacto, convocar eleições presidenciais. Neste caso, teria de contar com a concordância do vice-presidente Michel Temer.

    O peemedebista, reconhecem assessores, não deve aceitar de imediato a proposta, mas o lançamento da ideia poderia colocá-lo na defensiva e ele ser pressionado a aceitá-la por movimentos sociais e empresariais como a melhor saída para a atual crise política no país.

    O consenso é que, independentemente do formato que escolher no caso de vitória, a presidente terá de dar papel de protagonismo ao ex-presidente Lula e implementar mudanças na atual política econômica.

    Com derrotas nas bancadas parlamentares do PP, PSD e PMDB, que anunciaram apoio ao impeachment, o governo reconhece dificuldades para uma vitória no domingo (17). Se ela ocorrer, na avaliação de ministros e assessores, será apertada e dificultará a retomada da governabilidade na nova fase da gestão da presidente petista.

    Para um auxiliar presidencial, só haveria certeza de vitória se o governo federal gerasse algum fato positivo ou desse uma demonstração de força que revertesse a tendência de debandada, como uma iniciativa de impacto na área econômica. O Palácio do Planalto, no entanto, não conta com nenhuma carta na manga neste momento.

    Pelas contas realistas do Palácio do Planalto, o governo federal contaria atualmente com no máximo 180 votos, abstenções e ausências, quantia bem próxima ao limite para barrar o processo de impeachment.

    Na reta final, a estratégia tem sido estimular traições em partidos da base aliada, tentar recuperar votos perdidos nos últimos dias e manter o apoio de parcela da bancada federal do PR, que ainda poderia entregar pelo menos 18 votos contra o impeachment da petista.

    Em outra frente, a presidente aumentou o corpo a corpo com parlamentares da base aliada. Para aliados da petista, contudo, é tarde demais para a ofensiva.

    Na véspera da votação do impeachment, a presidente decidiu participar de uma manifestação na manhã de sábado (16) de grupos contrários ao afastamento da petista.

    O objetivo é tentar reverter o clima de pessimismo e animar a tropa governista para evitar uma desmobilização de última hora para a votação na Câmara dos Deputados.

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